quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Pesquisa identifica espécies de peixe usadas como iscas vivas no Pantanal

Exemplar de cada espécies de tuviras identificada. Foto: Paulo Venero.
Mato Grosso do Sul (MS) - O número de espécies de tuviras, tipo de peixe elétrico utilizado como isca viva para a pesca e vendido por comunidades ribeirinhas no Pantanal, está sendo revisto por pesquisas da Embrapa. Cientistas descobriram que são comercializadas na região três diferentes espécies desse peixe e o resultado foi publicado na revista norte-americana Zebrafish. Essas descobertas indicam que a legislação estadual, que disciplina a exploração dessas iscas, estaria desatualizada e podem subsidiar políticas públicas envolvendo a atividade econômica.

Os peixes conhecidos no Pantanal como tuviras correspondem a mais de 50% das iscas comercializadas todos os anos, e a legislação estadual que disciplina a captura, transporte, estocagem, comercialização e cultivo de iscas no Mato Grosso do Sul prevê a exploração de duas espécies: a Gymnotus inaequilabiatus e a Gymnotus paraguaensis

A Embrapa Pantanal, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), começou a estudar a genética dessas espécies e constatou que, na verdade, as iscas coletadas pertencem a três espécies diferentes: Gymnotus paranguaensis (prevista na legislação), a Gymnotus pantanal e a Gymnotus sylvius. Em três anos de coleta da pesquisa em comunidades ribeirinhas, a Gymnotus inaequilabiatus não apareceu nos estoques separados para venda pelos pescadores profissionais, o que não significa que ela não ocorra no Pantanal.

A pesquisadora Débora Karla Silvestre Marques conta que, a princípio, os pescadores acreditavam que estavam coletando sete espécies porque cores e tamanhos apresentavam variações. Foi por meio da análise genética que as espécies foram identificadas. “Não há apenas as duas descritas na legislação nem as sete que eles imaginavam. O estudo comprova que há três espécies sendo comercializadas”, afirma.

Débora Marques e Paulo Venere preparam as amostras para análise citogenética - Foto: Valdomiro Lima e Silva.
O artigo que caracteriza as três espécies, publicado pela revista Zebrafish, apresenta a descrição cariotípica de cada uma delas. Cariótipos são conjuntos de cromossomos organizados por pares de tamanhos e tipos iguais. Os cromossomos, por sua vez, são as estruturas das células onde se encontram os conjuntos de genes que acumulam as informações genéticas adquiridas durante os processos evolutivos de cada espécie.

O número de cromossomos, seus tamanhos e tipos são informações hereditárias inerentes a cada espécie e, por isso, a descrição dos cariótipos é o primeiro passo para a confirmação genética. Características cariotípicas podem indicar, por exemplo, se há possibilidade de acasalamentos entre espécies diferentes, gerando híbridos e permitindo aos pesquisadores discutir sobre as implicações dos manejos aplicados em comunidades de peixes.

A avaliação do cariótipo indica que cada uma delas tem diferentes tipos de cromossomos, tanto em quantidade como em tamanho e estrutura de diferenciação sexual. A variabilidade genética está sendo estudada pelo mestrado da UFMT.

Além da descrição genética, a pesquisa é relevante pelo impacto que pode causar na pesca no estado. A pesquisadora afirma que a continuidade dos estudos permitirá interpretar descrições dentro do contexto da pesca e avaliar se a exploração de certas quantidades de iscas por ano é viável ou não para cada comunidade. “A ferramenta transcende a análise genética. Além da informação sobre a qualidade genética daquela espécie, poderemos inferir sobre a sustentabilidade da atividade econômica ao longo do rio Paraguai, dentro do Mato Grosso do Sul.”

Mapeamento da produção

Conhecer as espécies de tuviras que de fato são vendidas pelas comunidades ribeirinhas trará um novo olhar para essa atividade. A legislação que determina o tamanho mínimo de captura é a resolução n. 3 de 28/02/2011 da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a qual cita as espécies: Gymnotus paraguaensis e a Gymnotus inaequilabiatus.

A espécie Gymnotus sylvius, encontrada na pesquisa, nunca tinha sido registrada no Pantanal. Segundo a pesquisadora da Embrapa, é possível que tenha sido introduzida através de estoques de iscas vivas compradas em outros estados e trazidos à região para pesca.

A partir das informações dessa pesquisa, será gerado um mapeamento da produção de iscas nas comunidades envolvidas, mostrando como elas exploram cada tipo de peixe. Débora conta que as três espécies identificadas ocorrem ao longo do rio. A Gymnotus paraguaensis apareceu em maior quantidade. Assim, já se sabe que não se trata de uma exploração homogênea, o que deve requerer políticas públicas igualmente adaptadas à ocorrência de cada espécie.

Paulo Venere prepara material para análise genética das iscas coletadas - Foto: Valdomiro Lima e Silva.
Choques

As tuviras são peixes elétricos, da família dos poraquês da Amazônia. Porém, as descargas elétricas que produzem são de pequena intensidade e imperceptíveis pelos humanos. Esses animais têm capacidade de gerar e receptar pulsos elétricos com frequências diferentes, porém específicas, uma vez que as frequências dos pulsos elétricos são diferentes para cada espécie. Esses pequenos choques, emitidos o tempo todo, servem para orientação espacial, para a caça e para o reconhecimento de parceiros na hora da reprodução, evitando a geração de híbridos e de acasalamentos não aproveitáveis.

Fonte: www.embrapa.br.

sábado, 2 de setembro de 2017

Piscicultura em tanques-rede fomenta a economia na região de Tucuruí-Pa

Proprietário Gilberto Vaz (foto), produtor local que desenvolve projetos na área, gerando emprego, incentivando o consumo de pescado, a preservação ambiental e contribuindo com os objetivos das Unidades de Conservação (UC). FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.

Pará (PA) - O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) incentiva o desenvolvimento socioprodutivo de piscicultura em tanques-rede, no Mosaico do Lago de Tucuruí, por meio da pesca e da aquicultura, que servem de fomento à economia da região. Uma prova disso é o Projeto “Piscicultura Paraíso”, uma área aquícola gerenciada por Gilberto Vaz, produtor local que desenvolve projetos na área, gerando emprego, incentivando o consumo de pescado, a preservação ambiental e contribuindo com os objetivos das Unidades de Conservação (UC).

A piscicultura garante a melhoria da qualidade do peixe destinado ao consumo humano, devido aos cuidados com alimentação, controle das taxas de crescimento e das propriedades da água onde as espécies são criadas. A prática possibilita também, investir na criação de espécies que estão ameaçadas de extinção, contribuindo para a preservação da diversidade da fauna, gerando renda ao pequeno e médio produtor, usando um modelo de trabalho sustentável.

A “Piscicultura Paraíso” teve início em 2007, com a implantação de apenas 42 tanques-rede de fabricação do próprio produtor, sendo voltado para o cultivo de pirapitinga. Atualmente, o projeto conta com 160 tanques instalados, com uma produção anual de 200 toneladas de peixe por ano, dentre eles o piau açu, matrinxã, caranha e tambaqui. Após dez anos em atividade, o empresário ainda carrega o título de pioneiro da piscicultura em tanque-rede no Lago de Tucuruí, e hoje está entre os maiores produtores de matrinxã em tanque-rede do Brasil.

Com a produção, Gilberto Vaz abastece os municípios de Tucuruí, Breu Branco, Tailândia, Baião, Cametá, Mocajuba, além das feiras de pescado promovidas na região, garantindo peixes de qualidade à população.

Segundo ele, a conservação das espécies é beneficiada quando a produção é feita dentro de uma Unidade de Conservação. “A criação de peixe em tanques-rede é uma atividade com alto apelo ecológico, pois respeita os limites do ambiente aquático, uma vez que a perda do equilíbrio deste ecossistema acarreta imediatamente reflexos negativos na produção", contou.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
Apesar de ser beneficiado com a cessão de uso de águas públicas, o produtor afirma que é necessário um arranjo institucional local, social e econômico, além do desafio de produzir em larga escala espécies de peixes pouco utilizados neste sistema de produção. “Hoje em dia, o desafio de conter a pesca predatória no Lago de Tucuruí ainda é umas das grandes missões que o Ideflor-Bio, junto com outros órgãos ambientais, vem encarando. Somos incentivados a seguir nosso trabalho e estar cada vez mais adaptados a este meio”, disse.

Outro desafio a ser vencido pela atividade de piscicultura em tanque-rede é o processo de licenciamento ambiental, que graças à gestão participativa e atuante da Gestão do Mosaico de Unidades de Conservação Lago de Tucuruí, desenvolvida pela Gerência da Região Administrativa do Lago de Tucuruí (GRTUC), do Ideflor-Bio, tem nesse pleito uma prioridade que já vem sendo trabalhada junto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

De acordo com a gerente da GRTUC, Mariana Bogéa, a construção de uma normativa específica para o Lago já é meta dentro do Plano de Ordenamento dos Recursos Pesqueiro e Aquícola do Mosaico Lago de Tucuruí e tem suas discussões bastante avançadas no que se refere ao tema. “Entendemos que estabelecer procedimentos que incentivem a produção, aliados à conservação do meio ambiente, é papel dessa gestão. Queremos ver o Lago de Tucuruí preservado, mas também produtivo”, contou.

“Nós acompanhamos de perto o trabalho do Gilberto, que é de grande importância, pois essa atividade gera emprego e ajuda a desenvolver o setor na região. Dentre as atividades de aquicultura, do Plano de Ordenamento, está exatamente o fomento à piscicultura, que se encaixa perfeitamente como exemplo deste trabalho dá certo”, concluiu Mariana.

Ao adquirir o pescado oriundo da piscicultura, o consumidor, além de apoiar produtores rurais da região, tem a garantia de que vai consumir um produto de boa qualidade, pois a qualidade ecológica da água é constantemente monitorada. Os peixes gerados na piscicultura possuem exatamente os mesmos nutrientes essenciais que o peixe capturado no rio ou no mar. A aquicultura sustentável preza pela produção lucrativa associada à conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, promovendo o desenvolvimento social.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
O Mosaico Lago de Tucuruí é o primeiro Mosaico de Unidades de Conservação constituído no Brasil, tendo sido criado em decorrência da mobilização dos moradores locais, em função dos impactos ambientais e socioculturais causados pela implantação da primeira grande Usina Hidrelétrica na Amazônia, a UHE Tucuruí, responsável pela produção de 10% da energia do Brasil e também a maior geradora de renda da região. O Mosaico foi criado por meio da Lei Estadual n° 6.451 de abril de 2002 e é composto por três Unidades de Conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago de Tucuruí e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Alcobaça e Pucuruí-Ararão.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
Mais fotos: www.agenciapara.com.br.


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