sexta-feira, 19 de maio de 2017

Manejo adequado reduz impactos do frio na piscicultura

Manejo na criação de peixes. Foto: Foto: Jefferson Christofoletti.

Evitar alimentação em excesso, manter densidade adequada no viveiro e monitorar a qualidade da água são ações que podem evitar perdas na piscicultura provocadas pelo frio. Esses possíveis prejuízos são uma preocupação dos piscicultores com criações em regiões que apresentam ampla variação de temperatura, especialmente durante a chegada do inverno. A temperatura do ambiente é um dos fatores decisivos no cultivo de peixes.

Os cuidados para minimizar as perdas com temperaturas baixas e grandes variações de temperatura devem ser iniciados ainda no verão. O alerta é feito pela pesquisadora da Embrapa Agropecuária Oeste (MS) Tarcila Souza de Castro Silva. Ela explica que a temperatura do corpo dos peixes varia de acordo com a temperatura do ambiente, neste caso, da água. “Assim, fisiologicamente, o crescimento dos peixes está diretamente relacionado à temperatura do ambiente,” esclarece.

As recomendações aos produtores e técnicos estão disponíveis na publicação “Influência do Clima, Fenômenos e Mudanças Climáticas no Manejo da Piscicultura”, elaborada por Tarcila com os colegas Luís Antônio Kioshi Aoki Inoue e Carlos Ricardo Fietz, pesquisadores da mesma Unidade da Embrapa. Nesse trabalho, os especialistas explicam a influência do clima no desempenho e na sanidade dos peixes e apresentam ações para diminuir perdas na piscicultura.

O aumento das doenças na piscicultura, com a chegada do inverno, ocorre com maior intensidade em viveiros nos quais os peixes recebem mais alimentos do que o necessário durante o verão, prejudicando a qualidade ambiental. “Os peixes sofrem pela progressiva queda de qualidade de água no verão. Com a chegada do frio e as amplas variações de temperatura, começam os surtos de doenças e mortes”, explica o pesquisador Luís Antônio Inoue. Assim, manter a densidade de peixes adequada é uma das estratégias de manejo que podem contribuir com a redução dos prejuízos. “Essa densidade deve levar em consideração o tamanho do tanque e o suprimento de água e oxigênio”, destaca.

Capacitar mão de obra

O manejo alimentar deve receber atenção para que se possa evitar as perdas. “As taxas de alimentação devem estar de acordo com as recomendações para a espécie criada e a temperatura da água. É fundamental que o tratador esteja capacitado para observar se os peixes estão consumindo o alimento fornecido, para evitar perdas e deterioração da qualidade da água por excesso de ração”, acrescenta o pesquisador.

Outra estratégia importante de manejo destacada por Tarcila se refere ao monitoramento da qualidade da água e a utilização das boas práticas de manejo, com respeito contínuo aos limites recomendados de transparência, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza, amônia e nitrito. “Esses dados ajudam a garantir a qualidade do ambiente de criação”, afirma.

Despesca antes do inverno

Além disso, as práticas de manejo devem ser planejadas com antecedência e a previsão do tempo é uma ferramenta importante de consulta. “Sugerimos que o arrasto de rede e o transporte, por exemplo, sejam realizados antes da chegada do frio; assim, os peixes não serão submetidos a mais fatores estressantes, além dos naturais resultantes do clima frio”, salienta a pesquisadora.

“A adição de suplementos, como vitaminas (C e E), aminoácidos, pró-bióticos e pré-bióticos, antes de os animais passarem por condições estressantes, ajuda a aumentar a imunidade dos peixes”, informa Tarsila, ressaltando que a prática tem sido testada com êxito em muitos países. Esses suplementos devem ser misturados à ração comercial e fornecidos alguns dias antes de eventos críticos, como a chegada de uma frente fria. Ela acrescenta que a indicação de cada produto e seu modo de usar deve ser criteriosa e avaliada por um técnico.

O piscicultor de Laguna Carapã (MS) Edemar de Souza, que trabalha há quatro anos com criação de peixes, conta que a mudança da temperatura da água influencia diretamente o comportamento dos peixes, especialmente em relação aos hábitos de alimentação. “Quando a temperatura fica abaixo de 20ºC, os peixes comem menos, por isso reduzo a quantidade de ração para evitar problemas futuros”, revela.

Edemar acrescenta que antes de o inverno chegar, sempre que possível, ele envia alguns lotes para o frigorífico. Outra prática adotada por ele é reunir no mesmo tanque os peixes com mais de 200 gramas. “Depois do inverno, quando começa a esquentar novamente, os peixes demoram um pouco mais para crescer, e o desenvolvimento deles é mais lento”, conta Edemar. Outro cuidado adotado pelo piscicultor é evitar manejar os peixes durante o inverno. “Nessa época, a água está muito gelada e os peixes ficam mais sensíveis ao manejo. Além disso, a água fria também dificulta o meu trabalho. Evito ao máximo mudar os peixes de tanque durante o inverno”, conta.

Sul do Mato Grosso do Sul

Na região da Grande Dourados, no sul do Mato Grosso do Sul, é possível observar grandes amplitudes térmicas médias, ou seja, existe uma grande variação entre as temperaturas médias mínimas e máximas. “Um exemplo comum é registrar uma amplitude térmica diária de 20 °C, com a temperatura do ar ao amanhecer em 12 °C e no meio da tarde ensolarada chegando a atingir 32 °C. Além da variação pela amplitude térmica, existe ainda, na região, uma variação acentuada entre as estações do ano”, exemplifica o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Ricardo Fietz.

Assim como as demais atividades agropecuárias, que têm sua produtividade diretamente ligada às condições climáticas, a piscicultura não é exceção. Um ponto fundamental é a escolha da espécie de peixe que será criada comercialmente em condições naturais. As principais espécies criadas em Mato Grosso do Sul são a tilápia (22,37%), o pintado ou surubim (21,04%), os redondos pacu e patinga (14,45%) e, ainda os híbridos tambacu e tambatinga (7,23%); além da produção de alevinos (peixes juvenis) contabilizada em 26,84%, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Grande parte dos peixes criados no estado são híbridos, principalmente, o pintado amazônico, a patinga e o tambacu. A hibridização é uma prática adotada por vários produtores da região. Porém, existem relatos de produtores na região da Grande Dourados sobre mortandade de híbridos como o pintado-amazônico e, principalmente, a patinga sob frio intenso, quando a temperatura da água atinge 12 °C ou menos”, esclarece o pesquisador Luís Antonio Kioshi Aoki Inoue. Segundo ele, mesmo a tilápia, considerada uma espécie resistente e rústica, também é susceptível às doenças, especialmente perto de extremos de oscilação de temperatura.

Fonte: www.embrapa.br.

Pesquisa para produção de tracajá será apresentada em evento do Banco da Amazônia

Tanques de cultivo do tracajá. Foto: Foto: Dulcivânia Freitas.

Um projeto da Embrapa, voltado para sistema de produção comercial do tracajá (Podocnemis unifilis) em cativeiro na Amazônia, será apresentado em seminário organizado pelo Banco da Amazônia no segundo semestre deste ano, em Belém (PA). O convite foi feito pelo gerente executivo do banco, Oduval Lobato Neto, durante visita às instalações da Embrapa Amapá, em Macapá (AP). “Este projeto é um case de sucesso na Amazônia. Trata-se do único neste segmento, apoiado pelo banco. Isso muito nos orgulha, reúne todas as condições para se transformar em resultados para o produtor, sair da área do conhecimento e virar um produto rentável para a geração de renda das populações e empreendedores interessados neste segmento”, destacou o gerente responsável pela gestão de programas de governo do Banco da Amazônia.

Intitulado “Produção de tracajá em cativeiro como alternativa sustentável para o desenvolvimento amazônico”, o projeto da Embrapa Amapá foi aprovado em edital de seleção pública publicado pelo banco para apoio financeiro, com o objetivo de apoiar atividades de pesquisa científica e tecnológica que contemplam transferência de tecnologias.

Na visita ao centro de pesquisas, o gerente do Banco da Amazônia foi recebido pelo chefe-geral Jorge Yared; chefe de pesquisa e desenvolvimento, Wardsson Lustrino Borges; chefe de transferência de tecnologias, Nagib Melém; e pela pesquisadora Jamile da Costa Araújo, líder do projeto da Embrapa. Ele conheceu a Unidade Demonstrativa de produção de tracajá, atualmente em fase de construção; e os laboratórios da área de Aquicultura e Pesca (incluindo galpões de cultivo de peixes, tracajás e camarões), de Proteção de Plantas e Biodiversidade e Alimentos, todos equipados para trabalhos de análises de materiais para a sustentabilidade de tecnologias que promovem o desenvolvimento da agropecuária e o melhor do uso da biodiversidade da Amazônia. “É gratificante conhecer o funcionamento de mais uma unidade da Embrapa. Esta empresa é um grande aliado do Banco da Amazônia, como agente fomentador de atividades produtivas da região. Muito bom conhecer os projetos que a Embrapa Amapá desenvolve na aquicultura, a parte dos quelônios, as atividades relacionadas com atividades buscando a erradicação da mosca-da-carambola, um ponto significativo para toda a Amazônia”, acrescentou Oduval Neto, membro do Comitê Assessor Externo (CAE) da Embrapa Amazônia Oriental, sediada em Belém. O gerente veio a Macapá cumprir agenda do Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus (CAS) em sua 279ª Reunião Ordinária, realizada no Palácio Setentrião, sede do Governo do Amapá.    

Serão realizados três cursos e um seminário em 2017  

O projeto da Embrapa financiado pelo Banco da Amazônia tem como sigla de identificação “AmapaJá”. A pesquisa desenvolve ações para atender ao objetivo de estabelecer e aprimorar índices zootécnicos, desenvolver tecnologias e capacitar multiplicadores para produção de tracajá (P. unifilis) em cativeiro. Para isso, envolve uma equipe técnica e de apoio, e acadêmicos bolsistas, empenhados em estudos da produção e aprimoramento de índices zootécnicos e avaliação de rendimento de carcaça de tracajá; estratégias de comunicação e capacitação; implantação de Unidade Demonstrativa, e estudo de mercado de produtos oriundos do tracajá. “As atividades do projeto Amapajá estão sendo executadas em ritmo acelerado. Atualmente, dois experimentos estão em andamento, uma dissertação já foi defendida, e estamos finalizando uma Unidade Demonstrativa (UD) de produção de tracajá na fase inicial, com previsão de instalação de mais duas UDs até o fim de 2018. Ainda este ano vamos realizar três cursos e um seminário, com participação confirmada de professores da UFOPA, UFAM e UFRA, especialistas em quelônios. O seminário também contará com a participação de outras instituições convidadas”, detalhou a pesquisadora Jamile Araújo.

De acordo com o texto do projeto, dentre os quelônios da Amazônia, o tracajá é uma das espécies mais capturadas para consumo na Amazônia brasileira, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, integrando a lista de animais vulneráveis à extinção. Além de ser a espécie mais apreendida pelo órgão fiscalizador de tráfico de animais silvestres, no Amapá (2005 a 2009), totalizando 35,55% das apreensões. Este fato demonstra o alto grau de uso desta espécie pela população no estado, a qual consome a carne e ovos destes animais de vida-livre, comprometendo de forma drástica a manutenção dos estoques naturais.

O tracajá é uma espécie com boa condição para criação em cativeiro, com fácil adaptação às condições de manejo de criação e de boa aceitação pelos consumidores. A produção comercial em cativeiro pode ser uma alternativa para reduzir o tráfico, gerar renda para as comunidades e contribuir para a preservação da identidade cultural das mesmas, já que consumir esta espécie faz parte da cultura amazônica. Entretanto, este hábito cultural encontra-se ameaçado por conta das restrições legais de uso desse recurso natural, visando sua proteção, pois apesar da produção comercial desta espécie ser autorizada, não há dados que subsidiem o sistema de produção. Visando contribuir para o desenvolvimento do sistema de produção comercial de tracajá, o projeto da Embrapa objetiva elucidar o comportamento de crescimento, densidade de estocagem, manejo nutricional (exigência proteica e restrição alimentar) e medidas de bem-estar animal na produção desta espécie, além de estudar o potencial de comercialização dos produtos oriundos deste sistema de produção, e do potencial econômico e nutricional. 

Fonte: www.embrapa.br.

Empreendedor fatura 700 mil com vitamina feita com microalgas

O oceanógrafo Murilo Canova decidiu investir na sua área de formação; criou a Ocean Drop e espera faturar R$ 3 milhões em 2017

Fonte: http://revistapegn.globo.com.

Santa Catarina (SC) - o catarinense Murilo Canova decidiu cedo, ainda na faculdade, que queria empreender. O desafio, entretanto, era inovar na sua área de atuação. Canova é formado em oceanografia e, segundo o jovem, a maioria dos empreendedores da área trabalha em negócios mais tradicionais, como consultorias ambientais. Por conta disso, decidiu trilhar outro caminho: investiu na produção de vitaminas em cápsulas a partir de microalgas. Em um ano, entrou para um programa de aceleração e faturou R$ 700 mil.

Canova conta que a ideia surgiu em 2012, quando Lucas Marder, um dos colegas do jovem envolvido no projeto, estudava as microalgas. Elas são plantas microscópicas aquáticas, consideradas responsáveis pela produção de uma biomassa rica em diversos nutrientes a partir de luz, dióxido de carbono e nutrientes presentes na água. “Vimos um nicho bem específico e uma oportunidade de negócio na área”, diz o empreendedor.

Fonte: http://revistapegn.globo.com.
Como as microalgas são utilizadas para diversos setores, desde tratamento de resíduos até produção de cosméticos, os jovens demoraram a encontrar um foco. Optaram por apostar no mercado alimentício por conta da ascensão do conceito de “superfood”, alimentos conhecidos por conter mais nutrientes do que a média – como é o caso das microalgas. Até tirar o projeto do papel, os jovens passaram por três anos de pesquisa. Em 2015, inscreveram a Ocean Drop no programa de aceleração Darwin Starter e foram selecionados.

Em 2016, lançaram os primeiros produtos da Ocean Drop. São dois tipos de vitaminas em cápsulas. As microalgas são cultivadas fora do país e o produto é finalizado internamente. “A espécie começa na natureza e é finalizada em laboratório. Começa com um modelo de agricultura e termina como uma coisa bem científica”, diz Canova. Um vidro de 240 cápsulas, com duração de dois meses, pode sair entre R$ 99 e R$ 188, dependendo do produto.

A Ocean Drop vende, em média 2500 unidades por mês. Segundo o fundador, a empresa faturou R$ 700 mil no seu primeiro ano de operação. E a projeção para 2017 é fechar o ano com um faturamento de R$ 3 milhões. “Para algumas pessoas isso pode ser algo estranho, mas está crescendo. A alimentação do futuro acontece agora.”