quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Pesquisador identifica mais de 400 substâncias secretadas da cabeça do pirarucu

Exemplar de Pirarucu (Arapaima spp.). Foto: Jefferson Christofoletti.
Tocantins (TO) - Um importante passo no caminho da domesticação do pirarucu (Arapaima spp.), o maior dos peixes nativos do Brasil, foi dado pelo pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), Lucas Simon Torati: a descoberta de hormônios, proteínas, peptídeos e prováveis feromônios no líquido secretado pela cabeça de animais adultos. O cientista analisa a hipótese de que os alevinos devem se beneficiar diretamente dessa secreção, por causa da sua composição bioquímica. A pesquisa identificou mais de 400 proteínas secretadas pelo peixe. A descoberta foi publicada na revista científica Plos One.

Em sua tese de doutorado defendida na University of Stirling, na Escócia, Torati conseguiu demonstrar que essa secreção contém esteroides sexuais possivelmente usados como feromônios, os hormônios que servem para provocar atração para o acasalamento. O cientista observou que sempre que o nível desses hormônios estava alto no sangue, também se elevava na secreção da cabeça. Tal revelação, inédita nos meios científicos, comprovou o caráter singular do pirarucu. Em geral, os peixes liberam os feromônios pelo sêmen ou pela urina, mas em nenhuma outra espécie foi identificada a sua presença no líquido da cabeça.

A pesquisa também constatou que o muco possui proteínas que podem beneficiar os alevinos, o que seria uma das causas que justificaria a presença constante de filhotes no topo da cabeça do peixe. “Nessa região há cavidades que, quando apertadas, liberam uma espécie de leite pelos poros. Começaram a surgir diversas hipóteses, como a de que os alevinos se alimentam desse líquido, uma espécie de lactação. Filhotes de acará-disco comem o muco da cabeça dos pais, mas não há muitos dados validando essa hipótese no caso do pirarucu”, conta Torati. “Inclusive não há nem uma terminologia científica para se referir a essa secreção que o peixe libera pela cabeça”, comenta.

Grande parte da pesquisa foi conduzida em colaboração com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) do Ministério da Integração Nacional, que mantém um centro de pesquisas em aquicultura no município cearense de Pentecoste, a 85 quilômetros de Fortaleza. A parceria permitiu que o cientista monitorasse esteroides sexuais de 20 casais.

Proteínas para o sistema imunológico

A pesquisa também avançou no estudo da relação da secreção com o cuidado parental, tratado no artigo científico da Plos One. Pela primeira vez, foi identificada a presença de proteínas e peptídeos nesse muco, o que, segundo Lucas Torati, apesar de sua reduzida quantidade, poderia beneficiar os alevinos, na medida em que há diversas proteínas do sistema imunológico do pirarucu adulto. Essa seria uma das causas de os filhotes ficarem próximos à cabeça do macho. “A composição da secreção poderia beneficiar o sistema imunológico dos alevinos. Outra razão de eles estarem sempre na cabeça do macho é para serem protegidos. O maior predador dos filhotes são as aves, e quando o pirarucu está fazendo cuidado parental, a cabeça do pai fica mais escura, camuflando sua cria”, destaca Torati.

Os estudos também identificaram a presença de prolactina na secreção, que em outras espécies está ligada ao cuidado dos pais com sua prole. Na tilápia (Oreochromis niloticus), por exemplo, o aumento desse hormônio está relacionado à elevação do muco do qual os alevinos se alimentam. “No caso do pirarucu não sabemos se isso ocorre com a secreção da cabeça, mas agora pelo menos conseguimos levantar essa hipótese a partir da nossa descoberta”, comenta o pesquisador.

A caracterização da diversidade genética em populações naturais também foi alvo de pesquisas. Para isso, foram utilizadas ferramentas de sequenciamento de nova geração. Torati explica que, dependendo do lugar onde vive o pirarucu, sua diversidade genética muda. “Observamos que populações do Rio Amazonas e do Solimões possuem uma diversidade genética muito maior do que a do Rio Araguaia. E a região de Tucuruí, que está no meio dessas duas bacias, apresenta diversidade genética intermediária”, relata.

O estudo foi consistiu de sequenciamento de DNA. Os marcadores gerados a partir do genoma foram usados para entender a variação genética de populações do Tucuruí, Araguaia, Amazonas, Solimões e de uma população de cativeiro. Com isso, foi possível caracterizar esses estoques e os marcadores moleculares gerados, do tipo SNP, terão utilidade futura na identificação de reprodutores e caracterização de sua diversidade genética.

Foto: Jefferson Christofoletti.

Gigante misterioso

O pirarucu é um peixe amazônico cheio de mistérios. Tema de lendas indígenas e sustento de populações ribeirinhas da região Norte, a espécie, ameaçada de extinção, ainda gera muitas dúvidas na sua morfologia, fisiologia e reprodução.

Originário das bacias do Amazonas, Tocantins-Araguaia e de Essequibo, na Guiana Francesa, o pirarucu é o maior peixe de escamas de água doce do planeta, com rápido ganho de peso, chegando a 250 quilos e três metros.

Segundo relatos indígenas, o macho e a fêmea liberam uma espécie de leite na cabeça no período de cuidado parental com os filhotes. O pesquisador da Embrapa identificou apenas uma secreção aquosa translúcida. “Sempre ouvi relatos de que ela é leitosa e branca, porém, nas amostras que coletei, ela se apresentou como aquosa e mucosa. É como se fosse uma água mais viscosa”, detalha o pesquisador.

“Certa vez fomos fazer um dia de campo em Manaus (AM) e, na ocasião, eu perguntei para alguns indígenas, que passam o dia inteiro na canoa vendo pirarucu, sobre o que eles achavam dessa secreção. Eles me atestaram que era um leite que você vê saindo na água”.

Fonte: www.embrapa.br.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Website Pescado em Rede



Link do site: www.pescadoemrede.com.br

Olá a todos que acompanham o blog Empreendendo Aquicultura, aproveito aqui o espaço para divulgar mais uma grande iniciativa para aumentar a divulgação do setor de pescados no Brasil, como também uma forma de demonstrar a sociedade o que tem sido realizado em termos de pesquisas direcinadas a aquicultura e pesca, bem como o desenvolvimento de tecnologias para solução de problemas dentro da cadeia produtiva. O site Pescado em Rede é uma página recente e ainda está sendo alimentada com várias informações, desde notícias atualizadas, publicações, listas de discussão, eventos, entre outros serviço. 

Sobre o Projeto

A ideia de criar este website nasceu em 2011 como parte da iniciativa de construir uma rede de interação e aprendizagem para a transferência de tecnologia na cadeia ranícola brasileira. Tal iniciativa foi justificada por um problema bastante evidente na época. A entrada e permanência de empreendimentos familiares bem como a ampliação de seus investimentos na cadeia ranícola brasileira eram inibidas pela baixa disponibilidade de informações tecnológicas, gerenciais, mercadológicas e sócio-econômicas. Esta inibição era vista como um dos principais fatores do desequilíbrio mercadológico da cadeia ranícola onde a demanda potencial por produtos e derivados de rãs era aproximadamente três vezes maior do que sua oferta real.

Concebida sob o molde de um projeto de modernização da cadeia ranícola, a iniciativa de construir a rede foi executada no período de abril 2012 a janeiro 2017 sob a liderança da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Graças a ela, integraram-se pesquisadores, extensionistas, fornecedores, produtores, comerciantes e consumidores. O núcleo da rede tem consistido numa equipe composta por pesquisadores e analistas da Embrapa Agroindústria de Alimentos (CTAA), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (EMATER-RJ), do Instituto de Pesca de São Paulo (IP-SP), da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), da Cooperativa Regional de Piscicultores e Ranicultores do Vale do Macacu e Adjacências Ltda. (COOPERCRÃMMA) e da Fundação de Excelência Rural de Uberlândia (FERUB).

Foram realizadas diversas atividades tais como modelagem da cadeia ranícola brasileira, capacitação de técnicos extensionistas, treinamento de gerentes e operários de empreendimentos ranícolas, implementação de um ambiente virtual de interação, compartilhamento de experiências entre atores e divulgação dos resultados do projeto. Com tais atividades e outras, conseguiu-se não apenas divulgar e compartilhar soluções tecnológicas para o setor produtivo mas também aproximar atores de todos os elos da cadeia ranícola brasileira.

Estimulada por tais resultados, a Embrapa Agroindústria de Alimentos lançou outra iniciativa do mesmo tipo em novembro 2014. Tratou-se de um projeto de desenvolvimento de ações de socialização de conhecimentos, tecnologias e práticas para o eloagroindustrial da cadeia do pescado na região Sudeste do Brasil. O problema que justificou tal lançamento foi a alta perecibilidade dos produtos da cadeia do pescado. Particularmente, a carne, parte do pescado mais utilizada na alimentação humana, possui bastante proteína e, em razão de seu alto teor de umidade (cerca de 70%), se revela fonte excelente para desenvolvimento microbiano.

O novo projeto é de abrangência regional e integra os quatro estados do Sudeste brasileiro (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo). A seleção desta região foi feita com base no fato de que a maioria das organizações parceiras na equipe já constituída se encontra nesses estados. Apesar da abrangência regional do projeto, sua equipe está sempre pronta para disponibilizar os resultados obtidos para atores do setor aquícola que atuam em outras regiões do país. Outro aspecto importante do projeto é que maior destaque tem sido dado às seguintes espécies de pescado: tilápia, rã e camarão.

Com base nos conhecimentos, tecnologias e práticas que estão em processo de socialização neste projeto, é possível obter, com qualidade e segurança, novos produtos de maior valor agregado, regularizando seu fornecimento no mercado, facilitando seu manuseio, transporte e comercialização bem como reduzindo o tempo gasto no seu preparo para o consumo. Para ativar tal processo, foi formada uma equipe composta por pesquisadores e analistas da Embrapa Agroindústria de Alimentos (CTAA), da Embrapa Pesca e Aquicultura, da Empresade Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro (EMATER-RJ), do Instituto de Pesca de São Paulo (IP-SP), da Fundação Instituto de Pesca doEstado do Rio de Janeiro (FIPERJ ), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM), da Fundação de Excelência Rural de Uberlândia (FERUB), do Instituto Federal do Espírito Santo – Campus Alegre (IFES) e da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). A atuação da equipe do projeto tem contado com a colaboração de estabelecimentos agroindustriais da cadeia do pescado.

Têm sido realizadas diversas atividades tais como treinamento de produtores e comerciantes em manipulação e conservação do pescado, ampliação de um ambiente virtual de interação, orientação gerencial das empresas interessadas em processamento do pescado e divulgação dos resultados do projeto. Com tais atividades e outras, espera-se não apenas compartilhar as boas práticas de higiene com stackeholders interessados e introduzir soluções tecnológicas no setor produtivo mas também atualizar informações que subsidiem a tomada de decisão na cadeia do pescado. 



Portal reúne informações sobre cadeia produtiva do pescado

Patê de tilápia é elaborado  com os resíduos gerados na linha de filetagem de pescados. Foto: Alda Leticia da Silva Santos Resende.

Rio de Janeiro (RJ) - A Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), em parceria com a Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro (Fiperj) e mais 13 instituições de ensino e pesquisa brasileiros, acaba de lançar o portal Pescado em Rede, que reúne informações sobre as cadeias produtivas de rã, tilápia e camarão. A iniciativa segue a experiência da rede de ranicultura, criada há sete anos e que conta com quase 500 membros ativos. O antigo website foi ampliado para incorporar informações sobre as cadeias de tilapicultura e carcinicultura.
Na plataforma virtual é possível acessar gratuitamente publicações, notícias, cursos, capacitações, serviços e equipamentos e buscar contatos de técnicos e extensionistas de todo o Brasil. O portal é alimentado com novos conteúdos à medida que as demandas dos membros da rede surjam nos fóruns de debates. Ao se integrar à rede, solicitando inscrição pelo e-mail pescadoemrede@gmail.com, o usuário também recebe dicas sobre sistema produtivo e mercado pesqueiro, selecionadas entre as principais dúvidas e experiências dos produtores.
“Graças à rede de ranicultura, a interação entre interessados nessa cadeia produtiva, em nível nacional e internacional, passou a ser tão intensa e estimulante que foi tomada a decisão de levar a dinâmica da experiência à tilapicultura e à carcinicultura”, conta André Cribb, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e líder do projeto. De acordo com ele, o compartilhamento de conhecimentos, tecnologias e práticas ligadas à cadeia produtiva da tilápia e do camarão pode contribuir para a obtenção, com qualidade e segurança, de novos produtos com maior valor agregado.
“A cadeia produtiva de pescado geralmente comercializa matérias-primas com pouca agregação de valor, como filé de peixe fresco e congelado. Um produto semipronto, como bolinho de peixe, por exemplo, agrega muito mais valor”, explica André Muniz, da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), um dos coordenadores da Rede de Ranicultura – agora Pescado em Rede. Para ele, a reunião dos atores envolvidos na cadeia ranícola com os de tilápia e camarão fortalece o setor, já que informações técnicas, políticas públicas, necessidade de atualização de legislação, eventos e cursos interessam também àqueles que trabalham com outras espécies do setor aquífero.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2013, a produção aquífera no Brasil chegou aos R$ 3 bilhões. A criação de peixes representava 66% do total, seguida pelo cultivo de camarão, com 25%. Entre as espécies cultivadas no Brasil, a tilápia caiu no gosto popular e representava 41% da piscicultura nacional, graças à sua fácil adaptação a vários ambientes.  A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão de pelo menos 12 quilos por ano por habitante, mas dados divulgados em 2013 pelo antigo Ministério da Pesca e Aquicultura indicavam que o consumo nacional era de apenas 10,6 quilos de pescado per capita, ou seja, abaixo do recomendado pela OMS.
“No Brasil, existe um grande potencial para a aquicultura, tanto para o mercado interno quanto para o externo. Tivemos um crescimento com a tilápia, pela facilidade e adaptabilidade de produção de cativeiro em água doce ou salgada. Mas temos ainda os peixes nativos do Centro-Oeste e da região amazônica, como pirarucu, tambaqui e cachapinta, que ainda são pouco consumidos no Brasil e possuem um grande potencial de aumento de produção”, informa Angela Furtado, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos.
Para suprir essa demanda, pesquisadores, técnicos e produtores, reunidos no “Pescado em rede”, buscarão, então, estimular a melhoria das condições de produção, ampliar o fornecimento ao mercado, facilitar seu manuseio, transporte e comercialização, bem como reduzir o tempo gasto no seu preparo para o consumo. “Ao conectar em rede os produtores, pesquisadores e técnicos, a assistência técnica qualificada acontece de forma direta, sem necessidade de deslocamento. Isso traz inúmeros benefícios para toda a cadeia produtiva, principalmente para o consumidor final”, afirma André Cribb.

Manual e capacitação em boas práticas de manipulação de pescado

A equipe do projeto pretende lançar, até o final de 2017, o Manual Técnico de Manipulação e Conservação de Pescado, que evidencia a cooperação técnico-científica entre a Embrapa Agroindústria de Alimentos, a Fiperj e o Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam). A publicação será voltada para os elos do processamento, conservação e comercialização de pescado. Os conhecimentos técnicos, normas e regras legais abordados são aplicados para pescado em geral com foco em três espécies: rã, camarão e tilápia.
Também já está programada uma capacitação em boas práticas em manipulação e conservação de pescado na sede da Fiperj, em Niterói (RJ), no primeiro semestre de 2018. “Pretendemos capacitar pescadores, técnicos e quem comercializa o pescado, aqueles que devem garantir a segurança do alimento, mantendo as condições ideais do produto, desde a captura a bordo do barco até a venda para o consumidor final. A aula prática acontecerá no Mercado de Peixes São Pedro de Niterói, um dos maiores do Brasil. Também estão programadas visitas técnicas a indústrias de processamento de pescado da região”, conta Sílvia Mello, pesquisadora da Fiperj. 

Tecnologias para pescado

Patê de tilapia. Foto: Angela Furtado.

Um dos maiores problemas da cadeia do pescado é a alta perecibilidade de seus produtos. Em razão do alto teor de umidade, o pescado torna-se fonte excelente para desenvolvimento de microrganismos. Sem nenhum tratamento adequado em técnicas de manuseio, conservação e processamento, ele se deteriora e se torna inutilizável e, em pouco tempo, perde seu valor nutricional. O processo de deterioração do pescado é ativado por uma ampla série de modificações complexas provocadas por suas próprias enzimas, bactérias e fenômenos químicos. A deterioração da carne se intensifica com a aparição de cheiros e sabores rançosos, causados especialmente por reações químicas entre o oxigênio do ar e a gordura do pescado.
Ao longo dos últimos 20 anos, a equipe da Planta de Processamento da Embrapa Agroindústria de Alimentos vem desenvolvendo diversos estudos de tratamento térmico, qualidade microbiológico, segurança e vida de prateleira para pescados. Para o projeto “Fortalecimento tecnológico do elo agroindustrial da cadeia do pescado na Região Sudeste do Brasil por meio da socialização de conhecimentos, tecnologias e práticas”, liderada pelo pesquisador André Cribb, foram selecionadas tecnologias prontas para serem transferidas para o setor produtivo.
O patê de tilápia é elaborado  com os resíduos gerados na linha de filetagem de pescados,  de modo a  aproveitar a carne aderida ao espinhaço e ao mesmo tempo contribuir para a diversificação dos produtos oferecidos pelas indústrias de pescado. Foi resultado da tese de doutorado de Alda Resende, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), sob orientação da pesquisadora Angela Furtado. De forma ampla, a pesquisa mostrou  o desenvolvimento de produtos viáveis às indústrias especializadas em pescado e, principalmente, como oferecer alternativas para o aproveitamento do resíduo da filetagem da tilápia. “O filé de tilápia possui mercado em expansão em restaurantes e possui distribuição razoável em redes de supermercado. No entanto, não existem muitas opções de produtos processados, como, por exemplo, produtos de tilápia enlatados, com maior valor agregado. É nisso que apostamos”, conta Alda.
O patê de tilápia desenvolvido na planta-piloto de processamento agroindustrial se manteve estável do ponto de vista microbiológico, físico-químico, de perfil proteico e de ácidos graxos ao longo de 180 dias de estudo de vida útil, o que leva à conclusão de que os parâmetros do processamento térmico utilizado foram adequados. O teste no Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental da Embrapa com 119 consumidores, sob a coordenação da pesquisadora Daniela Freitas, indicou que, após 180 dias de armazenamento, a frequência de aceitação do patê foi de 95% para a “impressão global”; de 91% para o atributo “sabor”; de 89% para a “espalhabilidade” e de 80% para a “aparência”.
“Comprovamos a viabilidade técnica do patê de tilápia enlatado, com a manutenção da qualidade microbiológica e nutricional por 180 dias após o processamento. Os produtos também obtiveram boa aceitação sensorial, comprovando o potencial de mercado de aproveitamento de um resíduo industrial como alternativa para as indústrias de pescado”, afirma Angela Furtado.
Outra tecnologia desenvolvida pela equipe de pesquisa da Embrapa Agroindústria de Alimentos é a conserva de camarão sete-barbas em salmora. A produção de pescado e frutos do mar em conserva contribui decisivamente para o processo de conservação, distribuição e armazenamento dos alimentos, prolongando sua vida útil. Durante o processamento do camarão, foram verificadas a perda gradativa da coloração vermelha da carne e a degradação da textura ao longo tempo de aquecimento. Com o ajuste dos parâmetros do processamento, foram obtidas a manutenção dos atributos sensoriais e a segurança do alimento para consumo humano. Teste sensorial conduzido com 50 consumidores para avaliar a aceitação do produto, nos atributos aparência, textura e sabor, indicou que em uma escala hedônica de 1 a 7, os atributos obtiveram médias próximas a 5, o que representa  boa aceitação.
Mais informações no site da EMBRAPA.

Fonte: www.embrapa.br.

domingo, 5 de novembro de 2017

Workshop de Piscicultura do Pontal no Paranapanema



Data: 10 de novembro de 2017
Horário: das 8 horas às 16h40 
Local: Anfiteatro Municipal
Destinatários: Produtores assentados, técnicos extensionistas e estudantes
Coordenação: Vander Bruno dos Santos (IP) / Ornã Enisson Almeida Ourives (Itesp)
Apoio/Parceria: Prefeitura de Euclides da Cunha Paulista
Número de Vagas: 150.
Investimento: Gratuito
Descrição: A região do Pontal do Paranapanema é caracterizada pelo grande número de agricultores familiares e assentamentos promovidos pela reforma agrária, na qual os produtores estão envolvidos em diversas associações e cooperativas. Nesta localidade, a piscicultura surge como uma importante atividade para diversificação da produção, incremento ou alternativa de renda para produtores e pescadores artesanais e fixação do homem no campo. Este evento possui o objetivo de esclarecer os diversos elos envolvidos com a cadeia do pescado com as possíveis adaptações dos sistemas de criação, bem como aspectos relacionados a agroindústria do processamento.
Informações: vander@pesca.sp.gov.br ou (11) 3871-7588
Endereço: Anfiteatro Municipal  - Rua Francisco Frutuoso Evangelista, S/N – Euclides da Cunha Paulista - SP


Manual Técnico de Ranicultura está disponível para download


Titulo: Manual técnico de ranicultura.

Referência: André Yves Cribb, Andre Muniz Afonso, Cláudia Maris Ferreira Mostério.  Manual técnico de ranicultura. Brasília, DF : Embrapa, 2013. 73 p.

ISBN: 978-85-7035-275-0.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibilizou no mês de outubro a versão para download do Manual Técnico de Ranicultura, lançado em 2013 em parceria com Instituto de Pesca (IP-APTA), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e Universidade Federal do Paraná.

O Manual Técnico tem por objetivo desfazer um grave gargalo do setor da ranicultura no Brasil: a falta de informações e dados técnicos para o produtor sobre essa cadeia produtiva. Para cumprir tal objetivo, os autores abordam ao longo de seis capítulos temas como o histórico de desenvolvimento da Ranicultura no Brasil; a biologia da Rã-touro Americana; noções de qualidade da água para a criação de rãs; instalações e manejo zootécnico; abate, comercialização e noções de mercado dos produtos e subprodutos da rã; e projetos de ranicultura.

A publicação, fruto do projeto “Construção de uma rede de interação e aprendizagem para a transferência de tecnologia na cadeia ranícola brasileira”, foi elaborada pelos pesquisadores Cláudia Maris Ferreira Mostério, do Instituto de Pesca, André Yves Cribb, da Embrapa Agroindústria, e Andre Muniz Afonso, da Universidade Federal do Paraná.

Ficou interessado? Clique aqui e faça o download do Manual Técnico de Ranicultura gratuitamente.


Para mais livros acesse aqui no blog nossa biblioteca e faça download dos principais livros da área de Engenharia de Pesca e afins: Biblioteca virtual.

O gigantesco 'mar de lixo' no Caribe com plástico, animais mortos e até corpos

Latas, potes, talheres de plástico, roupas velhas, seringas e até animais mortos...



Essa é a cena típica de qualquer lixeira. Mas esta não uma lixeira qualquer, trata-se de uma ilha de lixo que flutua no Mar do Caribe, entre as costas de Honduras e Guatemala, uma camada de objetos descartados que periodicamente chega às praias e que, ultimamente, tornou-se uma fonte de tensão nas relações bilaterais entre os dois países.

Embora não seja um fenômeno novo, ele é desconhecido de grande parte da comunidade internacional. Até por isso, as imagens do "mar de lixo" no norte de Honduras viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas.


A fotógrafa britânica Caroline Power publicou várias fotos que mostravam as águas próximas à ilha turística de Roatán, cobertas de uma massa de detritos de todos os tipos.

Após a publicação das fotos e a chegada do lixo flutuante em vários municípios da costa norte hondurenha, ambos os governos realizaram uma reunião para discutir possíveis soluções para o imbróglio que se estende há mais de três anos, de acordo com as autoridades locais.
Mas as conversas ficaram mais tensas em um ponto fundamental: quem é o principal responsável pelos derramamentos?

De um lado, Honduras acusa seu vizinho de causar a poluição que atinge as praias de Omoa, Puerto Cortés e as Ilhas da Baía. Do outro, a Guatemala diz que é o país vizinho que derrama o lixo que o afeta.

Após as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos. Caso contrário, dizem, eles recorrerão a organizações e tratados internacionais.
Os efeitos

Carlos Fonseca vive há 60 anos na comunidade de Travesía, no município de Puerto Cortés, no norte de Honduras, e diz que há alguns anos passou a ser rotina limpar o lixo que chega à sua casa. "Nas estações chuvosas, limpamos logo cedo e à tarde está cheio de lixo de novo, como se não tivéssemos feito nada. São pilhas e pilhas de lixo por todos os lados", conta à BBC Mundo.

Fonseca diz que são os vizinhos que, na maioria dos casos, são encarregados de limpar o lixo que chega à praia, ante a passividade das autoridades municipais. "É uma situação infeliz, porque é lixo, traz doenças. Não sei se é daqui ou da Guatemala, mas para a gente é um pesadelo", diz ele.

José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao país está se tornando "insustentável" não só para o município de Omoa, um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que constituem alguns dos principais destinos turísticos da nação centro-americana.

Na opinião do ministro, a presença de detritos flutuantes tem um impacto negativo em quatro dimensões básicas, pois gera danos ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde. "As pessoas não querem ir à praia porque têm medo da contaminação. Não é bom se deitar em uma areia onde você coloca suas costas e há uma agulha embaixo, ou você entra na água e fica com medo de encontrar algo contaminado", afirma.

Ian Drysdale, engenheiro ambiental que coordena uma iniciativa para a proteção do Sistema Arrecifal Mesoamericano, garante que essa barreira de coral, a segunda maior do mundo, é uma das principais afetadas pelo lixo. "Devido aos movimentos das correntes marinhas, isso pode ter um impacto negativo em toda a barreira, tanto na parte que pertence a Honduras quanto na que pertence à Guatemala. Eu já encontrei lixo diversas vezes na região dos recifes de coral", conta à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Atrás do 'culpado'


Mas de onde vem tanto lixo?

Galdames diz que por trás da poluição atual está o lixo que arrasa o rio Motagua, que atravessa a maior parte da Guatemala e desemboca em Honduras. 

"A maior parte da bacia do Motagua está no lado guatemalteco. Dos 95 municípios que estão ao longo do rio, 27 estão despejando resíduos sólidos. Nós temos apenas 3 municípios que fazem fronteira com o rio. Por isso, 86% das descargas provêm deles", diz o ministro hondurenho.

Ele acrescenta que, quando as autoridades de seu ministério realizam inspeções, geralmente encontram objetos escritos "Made in Guatemala".

Mas isso, afirma, não é o pior.

"Estamos recebendo roupas, plástico, lixo hospitalar, objetos manchados com sangue, agulhas, seringas, animais e até mesmo corpos humanos", diz.

A versão do ministro indica que, na ausência de aterros na maioria dessas comunidades na Guatemala, na época de chuvas, a água drena o lixo para o rio, que o leva ao mar e depois, pelo movimento das correntes marinhas, se move para alguns municípios e ilhas de Honduras.

Rafael Maldonado, do Centro de Ação Jurídica Ambiental e Social da Guatemala, apoia essa teoria e acrescenta que, por trás dessa situação, há políticas equivocadas de sucessivos governos do país.

"A responsabilidade por este conflito do lixo é do governo guatemalteco, que durante anos evitou tomar medidas para evitar novos despejos nos rios", diz ele.

De acordo com o especialista, para evitar o investimento público milionário para criar um sistema capaz de evitar que o lixo termine nos rios, as autoridades da Guatemala adiam desde 2006 um regulamento para evitar a contaminação do Caribe.

"O que está acontecendo em Honduras é o resultado de uma má gestão ambiental na Guatemala. Honduras está recebendo o lixo de grande parte da Guatemala, incluindo a capital, que despeja seu lixo no rio Motagua e o leva para o mar. Isso acontece há anos e os governos não deram qualquer importância para não ter que fazer o investimento necessário", diz ele.

No entanto, o Ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Sydney Alexander Samuels, considera que seu país está tomando as medidas necessárias para controlar os despejos no Caribe e garante que os rios hondurenhos são os principais responsáveis ​​pela atual situação.

"As acusações só levam em conta a parte da Guatemala. Eles também devem considerar o que estão fazendo. Eles têm um rio lá, o Chamelecón, que é praticamente um esgoto de Puerto Cortés e San Pedro Sula. A maior parte do lixo que chegou a Roatán é de Honduras", disse ele à BBC Mundo.

Samuels sustenta que seu governo nunca recebeu informações sobre a citada descoberta de corpos humanos entre no lixo transportado pelo rio.

"Eu nunca ouvi falar de cadáveres humanos lá. Se for esse o caso, teria que ser investigado de onde eles vieram. Eu não tinha ouvido isso", diz ele.

"Sim, nós contaminamos o Mar do Caribe através do rio Motagua. Mas eu esclareço que não é só o Motagua, mas também Chamelecón e Ulúa (dois rios de Honduras), e também asseguro que no próximo ano já não estaremos transportando lixo para esse mar, pois teremos toda a infraestrutura para que isso não aconteça", afirma.

O engenheiro ambiental consultado pela BBC, por outro lado, também acredita que Honduras tem responsabilidade no atual "mar de lixo".

"Há muitas comunidades em Honduras que não tem nem sequer um caminhão para coletar o lixo. A gente despeja o lixo nos rios e mais de 80% dos rios hondurenhos fluem para o Mar do Caribe. Esse costume de culpar o outro pela sua responsabilidade é muito comum. Acho que o problema do lixo é de todos", diz ele.

Pressões e soluções

Além da disputa em torno das responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação.

O ministro do Meio Ambiente de Honduras, embora não queira ignorar o trabalho do país vizinho para conter o despejo, questiona que as propostas da Guatemala estão orientadas "a médio e longo prazo".

"Eles estão falando sobre as soluções que entrarão em vigor em 2018. Mas nós pedimos para que eles tomem medidas imediatas: limpar os rios, limpar as praias, parar de jogar o lixo nos rios e fechar os despejos clandestinos. E que estabeleçam um sistema de alerta precoce para que possamos estar preparados para saber que o lixo chegará", diz ele.

"Não estamos à procura de problemas, não estamos à procura de ações judiciais. Estamos procurando responsabilidades comuns, mas diferenciadas, esse é o princípio. Se você tiver responsabilidade em 86% dessa bacia, deve ser sua responsabilidade procurar uma solução", acrescenta.

Galdames afirma que, se ele não receber uma resposta positiva até o final de novembro, seu país tomará medidas antes das organizações internacionais.


"Se eles não fizerem nada em cinco semanas, nos reservamos o direito de proceder de acordo com o estabelecido nos acordos internacionais que existem em águas marítimas, áreas de fronteira compartilhada e todos os acordos internacionais relacionados à proteção da diversidade biológica", diz.

Mas do lado guatemalteco, medidas imediatas não são contempladas. "Eu acredito que não há moral aqui para estar falando sobre isso que eles vão processar a Guatemala ou que eles querem compensação, como eles tentaram mencionar, porque eu acredito que os rios deles são os que estão despejando. Nós já estamos agindo e vamos resolver esse problema até agosto do ano que vem. Não sei o que Honduras está fazendo. Honduras não está fazendo absolutamente nada", disse o ministro Samuels.

"Com que moral eles vêm nos dizer que querem medidas de curto prazo. O que eles querem? Concretamente, não há respostas. O curto prazo é agosto de 2018. Eles não têm nada, nem curto, nem médio, nem longo ou qualquer coisa. Essa é a questão que precisa ser esclarecida", acrescenta.

Mas enquanto o fim da disputa sobre o despejo de lixo entre os dois países ainda é incerto e se contemplam soluções a nível governamental, um rio silencioso de lixo flutuante continua a chegar às praias de Honduras.

"Agora, chegou uma frente fria e isso vai trazer mais chuva. E sabemos que quando chove a praia fica cheia de lixo. É assim há anos", diz Carlos Fonseca, da comunidade de Travesía.


Fonte: www.bbc.com.

sábado, 4 de novembro de 2017

VI Jornada de Ecologia Aquática e Pesca



Belém (PA) - A Jornada Acadêmica em Ecologia Aquática e Pesca é um projeto de extensão que acontece uma vez ao ano, promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará. Este ano irá ocorrer a sexta edição no dia 09 de novembro de 2017 no Auditório Setorial Básico II da UFPA, Belém. O objetivo deste evento é promover uma ponte entre docentes e discentes da Graduação e Pós-Graduação e a comunidade. O evento é realizado em formato de palestras, de forma que os docentes e discentes proferem sobre a temática “Ecologia Aquática e Pesca” onde a comunidade terá acesso ao conhecimento que vem sendo gerado pelos grupos de pesquisa. Nessa edição as inscrições são gratuitas com emissão de certificados de participação. Vagas limitadas. Aproveitem!

O evento contará com a importante participação do Dr. Miguel Petrere Jr da Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba, com a palestra "O mito da energia verde - a energia de hidroelétricas", a qual abordará temas sobre a situação da pesca no mundo e no Brasil, e o aquecimento global no contexto da  cultura. E também a participação do Dr. Raúl Cruz do Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do Ceará, que irá proferir palestra sobre "Desenvolvimento Sustentável da Pesca: Perspectivas e Soluções".

As inscrições são gratuítas, basta enviar um email solicitando informações e inscrição para jornadappgeap@gmail.com que o solicitante irá receber um formulário para preencher, submeter e logo receberá a confirmação.



Hackathon apresentou inovações para a aquicultura brasileira

Equipe campeã da maratona de desenvolvimento de aplicativos - Foto: Daniele Klöppel.

“Conforme estudo de mercado, percebemos o potencial existente, oportunidade de mercado. Vimos também a possibilidade de aplicar nosso conhecimento e experiências com a tecnologia para ajudar a mudar a realidade da aquicultura em nosso estado e país, como também ajudar a mudar a vida dos pequenos produtores”. Essa foi, segundo Ailton Rodrigues, a motivação da equipe vencedora do Hackathon Aquitech, que aconteceu no final de outubro em Teresina-PI e envolveu a Embrapa e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Ailton é um dos componentes da equipe 128 Bits, a campeã.

Os vencedores propuseram uma plataforma, tanto web como mobile, que procura ajudar o pequeno produtor a gerenciar seu negócio com foco na produção, na comercialização e na gestão financeira. “Iremos disponibilizar recursos para que o que ele já faz hoje no seu dia-a-dia em um caderno, prancheta ou até mesmo apenas em sua mente seja feito em um celular. Permitindo o melhor acompanhamento dos resultados e o mínimo de planejamento”, explica Ailton. E as boas ideias não pararam por aí.

Na segunda colocação, ficou a equipe do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) de Oeiras. Fábio Rolim, que é professor de lá, relata a motivação para a participação na maratona de desenvolvimento: “nós entendemos que a piscicultura vive um momento de expansão em todo nosso estado, enxergamos então o hackathon como uma oportunidade de contribuirmos com essa expansão, oferecendo aos criadores uma ferramenta para auxiliá-los em seu dia a dia como piscicultores”.

No aplicativo desenvolvido pela equipe, foi trabalhada uma consultoria que, na visão de Fábio, “favorecerá o pequeno produtor que muitas vezes não dispõe de recursos financeiros suficientes para contratar profissionais especializados. Acreditamos que dessa forma romperemos as barreiras que comprometem o crescimento do piscicultor”.

Já a equipe Thesenvolver, que ficou em terceiro lugar no hackathon, apresentou “uma aplicação multiplataforma intuitiva onde qualquer produtor com o mínimo de conhecimento de leitura consiga usar e controlar os seus custos, seja pelo celular ou por um navegador”; quem explica é Josimar Alves De Sousa Júnior, um dos desenvolvedores.

Como prêmios, além da divulgação dos três aplicativos, até duas pessoas de cada equipe vão participar da Campus Party Brasil, tradicional evento da área de tecnologias de informação e comunicação que em 2018 acontecerá em São Paulo-SP entre 30 de janeiro e 4 de fevereiro. E a equipe vencedora, a 128 Bits, também receberá consultoria técnica especializada para ajudar no desenvolvimento efetivo da proposta apresentada, visando a transformá-la em um negócio financeiramente rentável. Isso vai acontecer de janeiro a junho do próximo ano.

Ideias e parceria– Daniele Klöppel é da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e participou da organização do hackathon. Segundo ela, “no geral, as ideias foram bastante criativas, o pessoal se mostrou bastante interessado, eles foram realmente atrás de entender um pouquinho como é a cadeia produtiva, que tipo de problema eles poderiam estar resolvendo com um aplicativo”.

Sobre a parceria com o Sebrae, Daniele destaca a união das áreas de atuação de cada empresa. “Para a Embrapa, essa parceria é muito interessante, justamente porque existe a junção de duas expertises. A Embrapa pôde comparecer com a parte técnica mesmo da aquicultura, oferecendo palestras, tirando dúvidas. E o Sebrae dá um suporte muito importante na área que é expertise dele, que é a parte de mercado, de como inserir isso daí na parte de gestão. Como são expertises diferentes e que se complementam, essa parceria é fundamental pra que a gente consiga realmente promover o desenvolvimento da aquicultura no país”, afirma.

As melhores propostas – Os três aplicativos premiados tiveram as seguintes equipes em seu desenvolvimento:

1º lugar / 128 Bits: Ailton Rodrigues (cursando MBA em Negócios), Victor Hugo (graduando em Tecnologia), Filipe Machado (graduando em Tecnologia) e Filipe Augusto (graduando em Designer)

2º lugar / IFPI de Oeiras: Fábio Luiz Almeida Rolim (professor de Informática), Robson Freitas (professor de Informática), Sebastião Pereira do Nascimento (professor de Agronomia), Marina Bezerra da Silva (professora de Administração) e Cícero Eduardo de Sousa Walter (professor de Administração)

3º lugar / Thesenvolver: Josimar Alves De Sousa Júnior (professor de dança e desenvolvedor web), Gabriel Reis (desenvolvedor web) e Francisco Lima (técnico agrícola)

Fonte: www.embrapa.br.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Pesquisa identifica espécies de peixe usadas como iscas vivas no Pantanal

Exemplar de cada espécies de tuviras identificada. Foto: Paulo Venero.
Mato Grosso do Sul (MS) - O número de espécies de tuviras, tipo de peixe elétrico utilizado como isca viva para a pesca e vendido por comunidades ribeirinhas no Pantanal, está sendo revisto por pesquisas da Embrapa. Cientistas descobriram que são comercializadas na região três diferentes espécies desse peixe e o resultado foi publicado na revista norte-americana Zebrafish. Essas descobertas indicam que a legislação estadual, que disciplina a exploração dessas iscas, estaria desatualizada e podem subsidiar políticas públicas envolvendo a atividade econômica.

Os peixes conhecidos no Pantanal como tuviras correspondem a mais de 50% das iscas comercializadas todos os anos, e a legislação estadual que disciplina a captura, transporte, estocagem, comercialização e cultivo de iscas no Mato Grosso do Sul prevê a exploração de duas espécies: a Gymnotus inaequilabiatus e a Gymnotus paraguaensis

A Embrapa Pantanal, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), começou a estudar a genética dessas espécies e constatou que, na verdade, as iscas coletadas pertencem a três espécies diferentes: Gymnotus paranguaensis (prevista na legislação), a Gymnotus pantanal e a Gymnotus sylvius. Em três anos de coleta da pesquisa em comunidades ribeirinhas, a Gymnotus inaequilabiatus não apareceu nos estoques separados para venda pelos pescadores profissionais, o que não significa que ela não ocorra no Pantanal.

A pesquisadora Débora Karla Silvestre Marques conta que, a princípio, os pescadores acreditavam que estavam coletando sete espécies porque cores e tamanhos apresentavam variações. Foi por meio da análise genética que as espécies foram identificadas. “Não há apenas as duas descritas na legislação nem as sete que eles imaginavam. O estudo comprova que há três espécies sendo comercializadas”, afirma.

Débora Marques e Paulo Venere preparam as amostras para análise citogenética - Foto: Valdomiro Lima e Silva.
O artigo que caracteriza as três espécies, publicado pela revista Zebrafish, apresenta a descrição cariotípica de cada uma delas. Cariótipos são conjuntos de cromossomos organizados por pares de tamanhos e tipos iguais. Os cromossomos, por sua vez, são as estruturas das células onde se encontram os conjuntos de genes que acumulam as informações genéticas adquiridas durante os processos evolutivos de cada espécie.

O número de cromossomos, seus tamanhos e tipos são informações hereditárias inerentes a cada espécie e, por isso, a descrição dos cariótipos é o primeiro passo para a confirmação genética. Características cariotípicas podem indicar, por exemplo, se há possibilidade de acasalamentos entre espécies diferentes, gerando híbridos e permitindo aos pesquisadores discutir sobre as implicações dos manejos aplicados em comunidades de peixes.

A avaliação do cariótipo indica que cada uma delas tem diferentes tipos de cromossomos, tanto em quantidade como em tamanho e estrutura de diferenciação sexual. A variabilidade genética está sendo estudada pelo mestrado da UFMT.

Além da descrição genética, a pesquisa é relevante pelo impacto que pode causar na pesca no estado. A pesquisadora afirma que a continuidade dos estudos permitirá interpretar descrições dentro do contexto da pesca e avaliar se a exploração de certas quantidades de iscas por ano é viável ou não para cada comunidade. “A ferramenta transcende a análise genética. Além da informação sobre a qualidade genética daquela espécie, poderemos inferir sobre a sustentabilidade da atividade econômica ao longo do rio Paraguai, dentro do Mato Grosso do Sul.”

Mapeamento da produção

Conhecer as espécies de tuviras que de fato são vendidas pelas comunidades ribeirinhas trará um novo olhar para essa atividade. A legislação que determina o tamanho mínimo de captura é a resolução n. 3 de 28/02/2011 da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a qual cita as espécies: Gymnotus paraguaensis e a Gymnotus inaequilabiatus.

A espécie Gymnotus sylvius, encontrada na pesquisa, nunca tinha sido registrada no Pantanal. Segundo a pesquisadora da Embrapa, é possível que tenha sido introduzida através de estoques de iscas vivas compradas em outros estados e trazidos à região para pesca.

A partir das informações dessa pesquisa, será gerado um mapeamento da produção de iscas nas comunidades envolvidas, mostrando como elas exploram cada tipo de peixe. Débora conta que as três espécies identificadas ocorrem ao longo do rio. A Gymnotus paraguaensis apareceu em maior quantidade. Assim, já se sabe que não se trata de uma exploração homogênea, o que deve requerer políticas públicas igualmente adaptadas à ocorrência de cada espécie.

Paulo Venere prepara material para análise genética das iscas coletadas - Foto: Valdomiro Lima e Silva.
Choques

As tuviras são peixes elétricos, da família dos poraquês da Amazônia. Porém, as descargas elétricas que produzem são de pequena intensidade e imperceptíveis pelos humanos. Esses animais têm capacidade de gerar e receptar pulsos elétricos com frequências diferentes, porém específicas, uma vez que as frequências dos pulsos elétricos são diferentes para cada espécie. Esses pequenos choques, emitidos o tempo todo, servem para orientação espacial, para a caça e para o reconhecimento de parceiros na hora da reprodução, evitando a geração de híbridos e de acasalamentos não aproveitáveis.

Fonte: www.embrapa.br.

sábado, 2 de setembro de 2017

Piscicultura em tanques-rede fomenta a economia na região de Tucuruí-Pa

Proprietário Gilberto Vaz (foto), produtor local que desenvolve projetos na área, gerando emprego, incentivando o consumo de pescado, a preservação ambiental e contribuindo com os objetivos das Unidades de Conservação (UC). FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.

Pará (PA) - O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) incentiva o desenvolvimento socioprodutivo de piscicultura em tanques-rede, no Mosaico do Lago de Tucuruí, por meio da pesca e da aquicultura, que servem de fomento à economia da região. Uma prova disso é o Projeto “Piscicultura Paraíso”, uma área aquícola gerenciada por Gilberto Vaz, produtor local que desenvolve projetos na área, gerando emprego, incentivando o consumo de pescado, a preservação ambiental e contribuindo com os objetivos das Unidades de Conservação (UC).

A piscicultura garante a melhoria da qualidade do peixe destinado ao consumo humano, devido aos cuidados com alimentação, controle das taxas de crescimento e das propriedades da água onde as espécies são criadas. A prática possibilita também, investir na criação de espécies que estão ameaçadas de extinção, contribuindo para a preservação da diversidade da fauna, gerando renda ao pequeno e médio produtor, usando um modelo de trabalho sustentável.

A “Piscicultura Paraíso” teve início em 2007, com a implantação de apenas 42 tanques-rede de fabricação do próprio produtor, sendo voltado para o cultivo de pirapitinga. Atualmente, o projeto conta com 160 tanques instalados, com uma produção anual de 200 toneladas de peixe por ano, dentre eles o piau açu, matrinxã, caranha e tambaqui. Após dez anos em atividade, o empresário ainda carrega o título de pioneiro da piscicultura em tanque-rede no Lago de Tucuruí, e hoje está entre os maiores produtores de matrinxã em tanque-rede do Brasil.

Com a produção, Gilberto Vaz abastece os municípios de Tucuruí, Breu Branco, Tailândia, Baião, Cametá, Mocajuba, além das feiras de pescado promovidas na região, garantindo peixes de qualidade à população.

Segundo ele, a conservação das espécies é beneficiada quando a produção é feita dentro de uma Unidade de Conservação. “A criação de peixe em tanques-rede é uma atividade com alto apelo ecológico, pois respeita os limites do ambiente aquático, uma vez que a perda do equilíbrio deste ecossistema acarreta imediatamente reflexos negativos na produção", contou.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
Apesar de ser beneficiado com a cessão de uso de águas públicas, o produtor afirma que é necessário um arranjo institucional local, social e econômico, além do desafio de produzir em larga escala espécies de peixes pouco utilizados neste sistema de produção. “Hoje em dia, o desafio de conter a pesca predatória no Lago de Tucuruí ainda é umas das grandes missões que o Ideflor-Bio, junto com outros órgãos ambientais, vem encarando. Somos incentivados a seguir nosso trabalho e estar cada vez mais adaptados a este meio”, disse.

Outro desafio a ser vencido pela atividade de piscicultura em tanque-rede é o processo de licenciamento ambiental, que graças à gestão participativa e atuante da Gestão do Mosaico de Unidades de Conservação Lago de Tucuruí, desenvolvida pela Gerência da Região Administrativa do Lago de Tucuruí (GRTUC), do Ideflor-Bio, tem nesse pleito uma prioridade que já vem sendo trabalhada junto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

De acordo com a gerente da GRTUC, Mariana Bogéa, a construção de uma normativa específica para o Lago já é meta dentro do Plano de Ordenamento dos Recursos Pesqueiro e Aquícola do Mosaico Lago de Tucuruí e tem suas discussões bastante avançadas no que se refere ao tema. “Entendemos que estabelecer procedimentos que incentivem a produção, aliados à conservação do meio ambiente, é papel dessa gestão. Queremos ver o Lago de Tucuruí preservado, mas também produtivo”, contou.

“Nós acompanhamos de perto o trabalho do Gilberto, que é de grande importância, pois essa atividade gera emprego e ajuda a desenvolver o setor na região. Dentre as atividades de aquicultura, do Plano de Ordenamento, está exatamente o fomento à piscicultura, que se encaixa perfeitamente como exemplo deste trabalho dá certo”, concluiu Mariana.

Ao adquirir o pescado oriundo da piscicultura, o consumidor, além de apoiar produtores rurais da região, tem a garantia de que vai consumir um produto de boa qualidade, pois a qualidade ecológica da água é constantemente monitorada. Os peixes gerados na piscicultura possuem exatamente os mesmos nutrientes essenciais que o peixe capturado no rio ou no mar. A aquicultura sustentável preza pela produção lucrativa associada à conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, promovendo o desenvolvimento social.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
O Mosaico Lago de Tucuruí é o primeiro Mosaico de Unidades de Conservação constituído no Brasil, tendo sido criado em decorrência da mobilização dos moradores locais, em função dos impactos ambientais e socioculturais causados pela implantação da primeira grande Usina Hidrelétrica na Amazônia, a UHE Tucuruí, responsável pela produção de 10% da energia do Brasil e também a maior geradora de renda da região. O Mosaico foi criado por meio da Lei Estadual n° 6.451 de abril de 2002 e é composto por três Unidades de Conservação: a Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago de Tucuruí e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Alcobaça e Pucuruí-Ararão.

FOTO: ASCOM / IDEFLOR DATA: 01.09.2017 TUCURUÍ - PARÁ.
Mais fotos: www.agenciapara.com.br.