quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Aquicultura brasileira cresce 123% em dez anos

Foto: Jefferson Christofoletti.
Chegada de novas empresas, rápida profissionalização e intensificação tecnológica foram alguns dos fatores observados na aquicultura brasileira, que apresentou crescimento de 123% entre 2005 e 2015, passando de 257 mil para 574 mil toneladas de pescado nesse período. Foi o que mostrou estudo realizado pelos pesquisadores Manoel Pedroza, Andrea Muñoz, Roberto Flores e Eric Routledge, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), e apresentado na conferência deste ano do International Institute of Fisheries Economics and Trade (IIFET), em Aberdeen, Escócia.

O trabalho chama a atenção porque o setor, dedicado à produção de seres aquáticos como peixes e crustáceos, costumava ser caracterizado no Brasil por empreendimentos de pequeno porte, sistemas extensivos de produção e baixo nível tecnológico, com exceção da produção de camarões no Nordeste, a carcinicultura.

Pedroza associa essas mudanças ao aumento da demanda por pescado no mercado nacional, que registrou taxas de crescimento anuais superiores a 10% no mesmo período. No entanto, o estudo detectou que a recente crise econômica nacional também repercutiu no crescimento do setor em 2015, o qual cresceu apenas 2% com relação a 2014, passando de 563 mil para 574 mil toneladas.

O bom desempenho da aquicultura brasileira despertou o interesse de importantes instituições financeiras como o banco holandês Rabobank, maior financiador mundial do setor agrícola. A instituição holandesa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) consideram o Brasil um importante ator da aquicultura mundial, situando-o em patamar semelhante ao de países com tradição no setor como Chile, Vietnã e Noruega. Atualmente, o Brasil registra a 14ª maior produção aquícola do mundo de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Fome (FAO).

Investimentos em aquicultura

Foto: Jefferson Christofoletti.
Os pesquisadores registraram a entrada de empreendimentos privados de maior porte na cadeia brasileira da aquicultura. O Município de Selvíria, em Mato Grosso do Sul, recebeu um investimento de 160 milhões de reais em um complexo que incluiu fábrica de ração, alevinagem, engorda e processamento de tilápia. Em Tocantinópolis (TO) houve construção de fábrica de ração e viveiros de engorda para a cadeia de tambaqui e pintado, mesmas espécies produzidas em Sorriso (MT), município onde foram investidos R$ 22 milhões para a instalação de frigorífico e fábrica de ração para peixes. A cidade de Almas, no Tocantins, já conhecida como polo aquícola do estado, recebeu instalações para engorda e processamento de tambaqui, pintado, matrinxã, piau, curimba e pirarucu.

Pedroza destacou também a recente fusão de duas grandes empresas brasileiras de processamento de pescado, a Geneseas e a DellMare. Anunciada no último dia 18 de novembro, a nova companhia é vinculada a um fundo de investimento focado no agronegócio e produzirá 12 mil toneladas de tilápia por ano e três mil toneladas de camarão vannamei (Litopenaeus vannamei). "Esse é mais um sinal da força e maturidade desse setor no Brasil que começa a contar com grandes players a exemplo do que já ocorre com a cadeia produtiva da avicultura", compara o especialista.

O estudo identificou também aumento no preço da ração e estabilização no preço do pescado no País no período analisado. "Caso o aumento da produção aquícola nacional continue no ritmo de 10% ao ano, é de se esperar que essa tendência de estabilização dos preços do pescado se mantenha, ao menos no curto e médio prazos", acredita o pesquisador Manoel Pedroza para quem o preço competitivo do produto importado representa uma forte pressão para manter o pescado brasileiro com preços competitivos.

Além dos investimentos privados, o aumento na escala de produção tem sido provocado também pela organização dos produtores. Os pesquisadores observaram a formação de organizações como cooperativas, associações e modelos produtivos alternativos como o condomínio de piscicultura, que dilui custos importantes.

Segundo dados do IBGE para o ano de 2015, a produção de peixes de água doce é a principal categoria dentro da aquicultura brasileira respondendo por 84% da produção aquícola do País. A aquicultura marinha responde por apenas 16% da produção total, sendo composta pela carcinicultura (12%) e pela produção de ostras, vieiras e mexilhões (4%).

Entre as espécies de peixe, a tilápia (Oreochromis niloticus) e o tambaqui (Colossoma macropomum) respondem por 62% da produção nacional, de acordo com dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016).

Figura 1 – Produção da aquicultura brasileira em 2015 por espécie, em percentual do total produzido. Fonte: IBGE/SIDRA.

Intensificação tecnológica

Os pesquisadores comparam o desenvolvimento da aquicultura ao que ocorreu na cadeia de produção da avicultura nacional, que elevou seu patamar tecnológico e hoje é uma das principais pautas da carteira de exportações do Brasil. O maior emprego tecnológico ocorreu, de acordo com a pesquisa, na cadeia produtiva do peixe mais produzido no Brasil, a tílápia, que responde por 38% da produção nacional. "Originária da África, a tilápia-do-nilo é produzida em vários países e possui pacote tecnológico bastante avançado", conta a economista Andrea Muñoz, pesquisadora da Embrapa que participou do estudo.

Boa parte dessas informações foi obtida por meio de painéis nos principais polos produtores de tilápia no Brasil: Paraná, Ceará, Bahia, Pernambuco e Minas Gerais. Essas atividades foram realizadas no âmbito do Projeto Campo Futuro da Aquicultura, coordenado pela Embrapa Pesca e Aquicultura, que detectou a intensificação de tecnologias, como os aeradores em viveiros que permitem maior densidade de cultivo; o alimentador automático, que reduz custos de mão de obra e aumenta a precisão na dosagem de rações e a despesca automática.

Outra tecnologia encontrada pelo projeto foi o emprego de programas de melhoramento genético da tilápia, que permitiu avanços de conversão alimentar a qual diz respeito à relação de ganho de peso com a quantidade de ração consumida. O melhoramento também é capaz de reduzir o ciclo de produção e proporcionar animais com maior rendimento de filé.

"Por se tratar de uma espécie exótica produzida há décadas em diversos países, e cujo pacote tecnológico está relativamente bem desenvolvido, a tilápia apresenta indicadores zootécnicos bem superiores comparados aos do tambaqui, que ainda conta com um nível tecnológico limitado," diz a pesquisadora.

O trabalho mostra que a biodiversidade da fauna aquática brasileira é, ao mesmo tempo, vantagem competitiva e gargalo ao desenvolvimento para a inovação tecnológica. "Isso acontece porque cada espécie de peixe apresenta diferentes demandas, o que leva à priorização de poucas espécies a serem desenvolvidas. Essa característica é encontrada em grandes países piscicultores como Noruega, Chile, China e Vietnã", esclarece o pesquisador Manoel Pedroza.

Outro grande desafio para a pesquisa aquícola no Brasil é desenvolver soluções que abordem a diversidade climática encontrada nos cultivos, uma vez que a piscicultura é praticada em todos os estados brasileiros.

O estudo considera ainda o pirarucu (Arapaima gigas) uma das mais promissoras espécies de peixe do Brasil. Apesar de ser muito apreciado e apresentar bom rendimento, os pesquisadores lembram que há grandes desafios que comprometem a estruturação de sua cadeia produtiva. Entre os obstáculos mais críticos, está o baixo domínio de sua reprodução em cativeiro e a oferta irregular de alevinos (animal jovem), o que faz o preço desse insumo representar quase 25% do custo operacional efetivo da atividade. Em uma comparação, alevinos de tambaqui representam apenas 1,6% desse mesmo custo.

Foto: Jefferson Christofoletti.
"Quando os desafios tecnológicos relacionados à reprodução forem superados, consequentemente haverá maior disponibilidade de alevinos e o custo desse insumo cairá, melhorando a viabilidade econômica do cultivo do pirarucu", acredita Pedroza.



Polos de aquicultura incrementam produção de pescado no Pará

Foto: Jefferson Christofoletti.
Notícia antiga, porém, é valido mostra o que tem sido planejado de políticas públicas para o Estado do Pará, e se isso realmente está sendo realizado.

Pará (PA) - A cozinheira Socorro Ferreira, 58 anos, aquece o óleo enquanto prepara suas famosas costelas de tambaqui. As peças fartas de carne branca, acompanhadas de quibes de pirarucu, são uma novidade em regiões como o sudeste paraense, onde a carne bovina predomina tradicionalmente. Quem prova, repete e pergunta logo “de onde vem esse peixe”? A resposta está nos polos de aquicultura que se espalham no Estado com o apoio das gestões municipais e do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). 

Só no município de Paragominas é aguardado o faturamento de mais de R$ 2,5 milhões na produção de peixe em cativeiro em 2015. Segundo estudo contratado pelo município, houve um crescimento de mais de 70% nos lucros do negócio desde 2013. “Sem dúvida Paragominas é um dos nossos polos de piscicultura mais promissores do Estado”, afirma o secretário Hildegardo Nunes, Sedap. 

Para que este e outros polos de criação possam se desenvolver, fortalecendo as economias de suas regiões e criando opções sustentáveis para a criação e comercialização de peixes, a Sedap tem investido em capacitações para pescadores e aquicultores em todo o Estado. Em julho de 2015 a secretaria fez uma capacitação em Concórdia do Pará, nordeste do Estado, para produtores rurais que já atuam na piscicultura e àqueles que pretendem entrar na atividade. Assim como ocorre em outros municípios, a Sedap trabalha com técnicos das prefeituras para que eles possam se tornar propagadores deste conhecimento nas regiões vizinhas. 

“Em Paragominas temos uma associação de piscicultores relativamente organizados, inclusive com recursos financeiros próprios. Hoje eles estão produzindo muito mais do que produziam no início, porque aliaram a vontade que eles tinham com os empreendimentos implantados com as técnicas demonstradas por nós. Fizemos isso em Tailândia, Goianésia do Pará e Novo Repartimento”, explica o diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura da Sedap, Ediano Sandes.

No caso da pesca tradicional, as capacitações são voltadas principalmente para a conservação e qualidade do pescado vendido, seja para o cliente direto ou para um atravessador. “Na verdade, o que a gente ensina aos pescadores são técnicas de conservação e manipulação do pescado a bordo para evitar o desperdício, higienização, agregação de valor ao pescado, tratamento de salga, como fazer a defumação e é exatamente aí que o trabalho da organização social para locais como o Marajó e a região de Bragança entra para agregar valor”, diz o diretor.

Além dos cursos, também em 2015, como parte do programa Pacto pela Produção e Emprego, foi publicado o Decreto n° 1.390, de 3 de setembro de 2015, estabelecendo uma série de benefícios fiscais para o setor de aquicultura no Pará. O Pará se tornou o primeiro Estado brasileiro a ter um capítulo específico para a atividade aquícola dentro do Regulamento de ICMS (RICMS-PA). Insumos, maquinários e até mesmo a ração terão o custo reduzido, impactando positivamente nos custos da produção do pescado.

Cadeia

Foto: Jefferson Christofoletti.

Bem perto do centro de Paragominas, seguindo uma das várias vicinais da região, o empresário Amilton Caliman gerencia há quatro anos um dos empreendimentos de piscicultura do município. Em seus tanques, espécies como pintados, tambaquis, tambacus, tambatingas e pirarucus se desenvolvem chegando ao peso ideal em poucos meses. “Paragominas é um município que vem se destacando em tudo. O boi, a madeira, o grão e agora a piscicultura, que é um dos futuros do Pará e do país. Este é um alimento barato, que produz rápido e com um custo mais baixo”, diz Amilton, que também é presidente da Associação Paragominense de Aquicultura (APA). Com dois anos de criação, a APA já tem 42 integrantes.

Os empreendimentos estão ficando cada vez mais organizados e focados na qualidade técnica para a produção de um pescado cada vez melhor. A média de produção é de um quilo e meio de peixe a cada metro quadrado nos tanques. Levando em consideração o tempo médio de 45 a 60 dias para o desenvolvimento dos alevinos em peixes prontos para o consumo, a piscicultura tem um grande potencial de produção de proteína animal em áreas menores diminuindo o impacto ambiental em relação a outros tipos de culturas, além de possibilitar a recuperação da fauna natural dos rios da região.

Em uma das áreas da propriedade, à beira do tanque, um trator arremessa a ração por toda a borda da área para alimentar os peixes da espécie “pintado” de maneira igual. O método ajuda os animais a atingir peso semelhante, evitando desproporções no tanque. Os peixes de bigode longo e fino se amontoam de boca aberta fora d’água mostrando a fartura de produção em um único tanque. Segundo o criador, um dos tanques pode render de 30 a 40 toneladas de pintado após sete meses de engorda.

Só no mercado local, Paragominas consome cerca de oito toneladas de peixe por semana. Em 2015 a produção chegou a 380 toneladas de pescado. Apesar da grande demanda e da produção crescente, o município ainda não tem uma unidade de beneficiamento para a filetagem e exportação do pescado, que precisa ser vendido e transportado por empresas atravessadoras até as indústrias.

Mercados 

Foto: Jefferson Christofoletti.
Até pouco tempo, a preferência local era o sabor dos peixes de água salgada, além dos tradicionais pescada amarela, dourada e filhote. Agora, aos poucos, a população vai conhecendo o sabor e as possibilidades dos peixes cultivados na região. Socorro Ferreira tem uma casa de caldos em Paragominas. Este ano ela resolveu participar de um curso oferecido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a APA para preparar pratos que usem principalmente o tambaqui e o pirarucu. As receitas foram ficando cada vez mais conhecidas e o empreendimento cresceu. Para completar, o cunhado, Walney Rocha, é um pequeno aquicultor que fornece os peixes que se transformam nas disputadas receitas, como as costelas de tambaqui e os quibes de pirarucu.

“O curso abriu muitas possibilidades e agora o restaurante está crescendo ainda mais. Acho que a piscicultura está ajudando muito a nossa região, e a gente percebe que em alguns lugares as pessoas estão substituindo a criação de boi por peixe, que é algo mais barato. Com um terreno pequeno você consegue começar uma criação, e o que faltava é o que está acontecendo agora: o incentivo do governo, prefeitura e da APA ao pequeno produtor para começar a fazer os seus tanques”, diz Socorro.

Para a gestão municipal, a aquicultura é um negócio recente, que, no entanto, já está gerando resultados significativos e faz parte dos projetos de crescimento não apenas na produção, mas também em toda a cadeia do pescado. “Este é um mercado que está se desenvolvendo agora, mas com um grande potencial, por isso a gestão municipal e o Governo do Estado investem para que estes produtores tenham a estrutura e o conhecimento necessário para não apenas produzir o pescado, mas para que possamos também beneficiar este peixe aqui”, explica o prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins.

A gestão municipal e as demais associações ligadas à produção rural já colaboraram para a implantação das duas primeiras indústrias de ração para piscicultura, que usa os próprios grãos da região. “Em breve trabalharemos juntos a APA e demais grupos para implantação da primeira indústria de beneficiamento deste pescado, criando toda uma cadeia de produção dentro do próprio município”, diz o prefeito.

Beneficiamento - Ao sair do tanque o peixe precisa ser conservado e armazenado corretamente nas devidas condições exigidas pelo Ministério da Agricultura, que no Pará são fiscalizadas pela Agência de Defesa Agropecuária (Adepara). Um exemplo de indústria de beneficiamento pode ser encontrado no distrito de Outeiro, em Belém. Com dois anos de atividade, a Outeiro Pescados é uma empresa de beneficiamento de várias espécies, alguns muito populares, como o tambaqui e outros que precisam de um processo especializado, como é o caso do pirarucu.

Dentro da indústria, funcionários uniformizados e ambientes completamente higienizados. Todo o pescado é tratado, evitando qualquer contaminação, variações de temperatura desnecessárias ou outra ação que interfira na qualidade da carne beneficiada. A seleção do peixe começa na hora da compra com o fornecedor e termina na análise da última bandeja que será armazenada em locais refrigerados ou encaminhados para os caminhões frigoríficos da própria indústria.

“Temos um médico veterinário fiscal da Adepará e outro que é funcionário da indústria. Ele é o responsável técnico do controle de qualidade. A gente preza pela segurança alimentar, pois é essencial ter uma empresa registrada para colocar todo o controle, desde a recepção do pescado até o processamento, o descarte, armazenagem e expedição. Não é fácil manter uma empresa, mesmo pequena, totalmente legalizada, mas compensa pela qualidade do produto que oferecemos quando comparada a outros produtos que estão na informalidade”, diz o dono da indústria, Francisco Bastos.

“Quando um produto como esse sai rotulado, identificado e certificado pela Adepará, tem-se um produto de qualidade para o consumidor. Significa que houve uma análise deste produto desde a seleção do pescado até a venda, com garantia sanitária, preservando a população de qualquer alteração ou problema de saúde, como infecções alimentares e infecções intestinais”, explica o diretor de Inspeção e Defesa Animal da Adepará, Jefferson Oliveira.



sábado, 10 de dezembro de 2016

Molusco asiático chega ao Nordeste, invade usinas e leva risco ao abastecimento de água potável

O molusco leva preocupação ao Nordeste (Fotos: CBEI/Divulgação).
Historicamente afetado pela estiagem, devido à seca, o Nordeste brasileiro ganhou mais um inimigo no problema do acesso à água: o mexilhão-dourado, molusco asiático de 5 cm que entope tubulações de abastecimento e irrigação e invadiu o maquinário das usinas hidrelétricas de Sobradinho (BA) e Luiz Gonzaga (PE).

Há um ano e meio o mexilhão-dourado se espalha pelo rio São Francisco, onde estão as usinas. Pesquisadores estimam que na área de Sobradinho a população do molusco está em 40% do máximo que pode chegar – 200 mil indivíduos por metro quadrado, quando ele para de se reproduzir por falta de alimento.

Com área de atuação até então restrita a bacias do Sul, Sudeste e Centro Oeste do Brasil, o mexilhão-dourado foi encontrado no São Francisco pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) ano passado.

Foi uma surpresa para os pesquisadores do CBEI (Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas), sediado em Belo Horizonte e que vêm estudando a espécie desde que ela chegou ao Brasil, em 1998, oriundo da Argentina, onde o primeiro registro se deu em 1991, na bacia do rio Prata. O molusco chegou à América do Sul por meio de navios cargueiros.

Pesquisadores e funcionários da Chesf observam equipamento da Usina de Sobradinho invadido pelo mexilhão-dourado.
Já no rio São Francisco, os pesquisadores dizem que o molusco chegou, provavelmente, por meio do “peixamento”, ato de deslocar em tanques peixes de um rio para o outro, já que as bacias do Sudeste não se encontram com o São Francisco. “Essa é a hipótese mais provável”, disse o pesquisador Fabiano Silva, da CBEI.

As invasões provocaram mudanças no sistema de operação da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), sobretudo em Sobradinho, onde o molusco invadiu os adutores da turbina das seis unidades geradoras de energia, forçando a usina a fazer paradas obrigatórias de dois dias a cada três meses para limpeza da área afetada.

Baixa vazão

Como a Chesf está praticamente sem gerar energia em Sobradinho, devido a baixa vazão do rio, de 830 metros cúbicos por segundo – o normal é 2.060 –, o prejuízo, por enquanto, está sendo pouco. Sobradinho opera atualmente com o reservatório em 11% da capacidade, um dos mais baixos da história.

Em Luiz Gonzaga o problema tem ocorrido em menor grau, diz o diretor de operações da Chesf João Henrique de Araújo Franklin, segundo o qual a manutenção antes do molusco era feita a cada 20 mil horas de operação das usinas — sem tempo determinado para ocorrer.

“Tivemos de alterar nosso sistema de manutenção e estamos ainda aprendendo a conviver com o molusco, já que erradicá-lo, como temos visto em outros locais é muito difícil”, comentou Araújo Franklin.

Há menos de 50 km da usina, na área do reservatório de Sobradinho, há dezenas de tubulações que levam água para as cidades baianas de Juazeiro, Remanso e Casa Nova, da pernambucana Petrolina e a sistemas de irrigação para agricultura do Vale do São Francisco.

As prefeituras informaram que, por enquanto, não tiveram problemas com o abastecimento, diferente do que ocorreu no início dos anos 2000 em Porto Alegre (RS), onde o abastecimento de água foi afetado por causa do entupimento de tubulações nas quatro captações da margem esquerda do Lago Guaíba.

Segundo a Prefeitura de Porto Alegre, “a obstrução das tubulações causou redução da vazão de água e, consequentemente, desabastecimento, porém é difícil precisar um número [de pessoas atingidas pelo desabastecimento]”.

O animal já está em várias tubulações da área de Sobradinho.
O órgão informou que atualmente monitora os locais de captação com mergulhadores. “Quando encontramos mexilhão-dourado aderido aos nossos crivos e tubulações, realizamos a limpeza mecânica destes”, informou.

Outro afetado pelo mexilhão foi a Usina Hidrelétrica de Itaipu, onde o molusco chegou em 2001, causando o entupimento de encanamentos em equipamentos da hidrelétrica e também desequilíbrios ambientais.

Em Itaipu, o problema só foi amenizado por volta de 2010, após a implantação de um programa de monitoramento e pesquisas com vistas a impedir a invasão do molusco, que não chegou a impedir a geração de energia da usina.

Avanço

Estudos da CBEI mostram que durante um ano o molusco chega a se espalhar por um raio de até 240 km, o que torna as tubulações de captação de água do reservatório de Sobradinho vulneráveis a invasão do mexilhão-dourado.

Responsável por projetos públicos de irrigação no Vale do São Francisco, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco) informou que a presença do mexilhão-dourado “é constante no lago artificial da barragem de Sobradinho”.

Reservatório de Sobradinho está com um adas vazões mais baixas da história.

Segundo a Codevasf, nos perímetros de irrigação, nos sistemas de adução, contudo, “não há ocorrências significativas do mexilhão-dourado”. O perímetro irrigado da Codevasf leva água para 10.210 agricultores familiares e 1.279 médios e grandes agricultores instalados nos lotes.

Outra preocupação é com a transposição do rio São Francisco, pois o molusco foi visto também “em quantidade considerável” no eixo norte do canal, nas proximidades da cidade pernambucana de Cabrobó, a cerca de 100 km do reservatório de Sobradinho.

Os pesquisadores do CBEI emitiram no final de 2015 alerta, informando que “a presença destes organismos nestas localidades é grave, pois afetará a captação de água pelas comunidades adjacentes”.

“É extremamente urgente que estas localidades comecem a ser monitoradas desde já. A identificação da presença destes organismos na fase de estabelecimento é de suma importância para que medidas de controle comecem a ser tomadas”, diz o documento.

Transposição

O Ministério da Integração Nacional solicitou no início de agosto a licença de operação do projeto de integração do rio São Francisco, com vistas à transposição, que pretende levar água a 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O governo prevê que os reservatórios de água estarão cheios no primeiro trimestre de 2017.

A conclusão das obras físicas nos dois eixos do empreendimento – Norte e Leste – está prevista para dezembro deste ano. Para isso, o governo federal ampliou o repasse financeiro mensal às empresas executoras do Projeto São Francisco, hoje com 88,4% de avanço das obras e mais de nove mil trabalhadores em campo.

Animal de 5 cm já provocou falta de abastecimento de água em Porto Alegre.
“Desde o início das obras do Projeto São Francisco, em 2008, o Ministério da Integração Nacional monitora a fauna e a flora da região impactada pelo projeto, por meio do Programa de Conservação de Fauna e Flora, que é executado em parceria com a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)”, informou o ministério, em nota.

“Com o início da fase de testes do empreendimento, em 2014, o monitoramento nas estruturas que captam a água do rio São Francisco foi intensificado pelos pesquisadores da Univasf. São verificados, por exemplo, equipamentos hidromecânicos, grades de proteção, bombas, etc. As equipes identificaram a presença de mexilhões dourados no rio São Francisco e no canal de aproximação, que conduz a água do manancial até a primeira estação de bombeamento do eixo, mas os organismos não afetam ainda as estruturas do projeto e nem a qualidade da água”, garante.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

País precisa aumentar exportações de camarão, diz ministro


O camarão precisa ter maior participação na pauta de exportação do agronegócio brasileiro, defendeu o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), ao visitar áreas de cultivo do crustáceo em Aracati, no interior do Ceará. “A gente tem que explorar cada vez mais a cadeia produtiva do camarão para aumentar nossa presença no mercado internacional”, destacou Maggi, que está em viagem ao Nordeste para saber dos produtores dos setores de pescados e fruticultura quais as políticas públicas que o Ministério da Agricultura pode implementar para ampliar o volume de vendas no mercado externo.  

No encontro com produtores de camarão, o ministro também ressaltou a importância da indústria de transformação de pescados e de frutas para ajudar o país a conquistar maior fatia no mercado global. Esses estabelecimentos, assinalou, comercializam produtos com maior valor agregado. A meta do Mapa é elevar de 6,9% para 10% a participação do Brasil no comércio agrícola mundial nos próximos cinco anos. “Não vamos conseguir isso só exportando mais soja, milho e algodão”, acrescentou Maggi, ao defender que um maior número de cadeias produtivas agrícolas se somem ao esforço exportador brasileiro.

Na viagem ao Nordeste, o ministro está acompanhado do secretário-executivo Eumar Novacki e dos secretários de Defesa Agropecuária, Luis Rangel, e de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo, José Dória. “Viemos com nossa equipe de secretários para conhecer de perto as atividades das cadeias produtivas do camarão e da fruticultura. Estamos ouvindo as preocupações dos produtores para saber de que forma o Ministério da Agricultura poderá ajuda-los a gerar mais renda e emprego no estado e no país.”


CNA defende fim da cobrança de PIS e COFINS na Aquicultura


Brasília (DF) – Aquicultores de todo o país querem o fim da cobrança de PIS e Cofins, tributos que atualmente incidem sobre a ração, os alevinos e sobre os peixes vendidos para os frigoríficos.
O tema foi discutido na última reunião do ano da Comissão Nacional de Aquicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), na terça (29), em Brasília. Os criadores avaliam que a incidência de 9,25% de PIS e Cofins prejudica o setor.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Aquicultura da CNA, Eduardo Ono, a aquicultura é a única cadeia que paga estes dois tributos hoje, enquanto setores como aves, suínos e bovinos são isentos desta cobrança.
É uma cobrança extremamente prejudicial. Outras cadeias não pagam e nós temos esta distorção tributária”, disse Ono.
Fiscalização
Outro tema da reunião foi o processo de fiscalização dos pescados importados. Alguns destes produtos entram no Brasil sob a suspeita de adulteração para aumento de peso e também do uso de produtos químicos para conservação. 
Em agosto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lançou uma norma para controlar a entrada destes peixes no país e já notificou várias empresas.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Curso sobre o CAR tem 5 mil vagas



Na ultima sexta (2/12), abriram as inscrições para o primeiro curso do projeto de capacitação em gestão territorial rural, na modalidade a distância, oferecido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV). São cinco mil vagas gratuitas, na opção de estudo de curso livre, para facilitadores que atuarão na inscrição de imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR), com prioridade para aqueles que farão cadastro de agricultores familiares.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, o CAR deve ser visto como instrumento de gestão “que auxilie na regularização ambiental e no melhor aproveitamento da terra, de forma que a produção agropecuária possa expandir-se sem necessidade de avançar suas fronteiras”.
Embora o prazo limite para inscrição no sistema seja dezembro de 2017, 99% da área passível de cadastro já está no Sistema do CAR. “Estamos entrando, de forma firme, no pós-CAR”, afirmou o ministro nesta semana, durante lançamento de ações para a economia florestal. Entre as novidades, Sarney Filho anunciou que os dados do CAR estão sendo disponibilizados para a sociedade.
O percentual restante (1%) corresponde principalmente a agricultores familiares, pequenos proprietários e povos e comunidades tradicionais, que necessitam de auxilio para realizar o cadastro no SiCAR. A seleção dos candidatos para a capacitação dará preferência aos participantes com maior capacidade de multiplicação do conhecimento.
As inscrições ficam abertas até 9 de dezembro e podem ser feitas pela internet. O início do curso está previsto para o dia 12 de dezembro, com duração de três meses. O CAR é um instrumento de registro público, eletrônico, de abrangência nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais.
PROJETOS
Outros dois cursos, que serão oferecidos em 2017, também fazem parte do projeto de capacitação sobre gestão territorial rural para apoio à implementação de políticas públicas. São eles: Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas (ISA) de propriedades rurais e Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) de bacias hidrográficas.
O sistema ISA é uma ferramenta de gestão para o produtor. Tem o objetivo de realizar um diagnóstico dos balanços social, econômico e ambiental de seu estabelecimento, apontar pontos críticos ou riscos e os pontos positivos e oportunidades de negócios.
Já o ZAP permite uma avaliação preliminar do potencial de adequação de uma sub-bacia hidrográfica. É o primeiro passo para efetivar o processo de adequação propriamente dito, que envolve a elaboração de planos, pactos e ações e a definição de indicadores para acompanhamento e avaliação. A ferramenta permite identificar áreas sensíveis e aquelas mais adequadas à exploração agropecuária e florestal.
PARCEIROS
O curso foi desenvolvido originalmente pelo MMA em parceria com a Universidade Federal de Lavras, por meio da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável e do Serviço Florestal Brasileiro.
O conteúdo dos cursos ZAP e ISA foi desenvolvido com participação de pesquisadores e técnicos de instituições de ensino e pesquisa, como Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater).
SERVIÇO
Capacitação em Gestão Territorial Rural: CAR
Informações: (31) 3899-1011 ou pelo e-mail gtr.cead@gmail.com
Saiba mais sobre o curso

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Livro sobre Criação de Pirarucu

Olá amigos e amigas, trago mais um livro sobre criação de Pirarucu. Esse livro foi publicado pela Embrapa Amazônia Oriental em 1996. sei que é uma publicação antiga, mas acho que certas informações podem ajudar na elaboração de trabalhos acadêmicos.


Título: Criação de pirarucu.

Referência: IMBIRIBA, E. P.; LOURENÇO JUNIOR, J. de B.; CARVALHO, L. O. D. de M.; GÓES, L. B.; ULIANA, D.; BRITO FILHO, L. Criação de pirarucu. (Coleção criar, 2). 1996. Embrapa Amazônia Oriental. 93 p.

ISBN: 85-85007-66-4

Download do arquivo em versão PDF.

1° opção - MEGA
2° opção - Dropbox
3° opção - Embrapa

Para download de mais arquivos acesse a página AQUI.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Secretaria de Agricultura estabelece critérios para edição de lista espécies de peixes cultiváveis em SP

A portaria com a lista de espécies de peixes cultiváveis no Estado de São Paulo será publicada no Diário Oficial


São Paulo (SP) - O Instituto de Pesca (IP) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo editará e revisará a lista de espécies de peixes que têm o cultivo permitido no Estado, possibilitando que os pequenos e médios produtores possam formalizar suas atividades ou ingressar na piscicultura e na aquicultura.

A Resolução SAA nº 73, publicada no Diário Oficial do Estado, nesta sexta-feira, dia 25 de novembro de 2016, estabelece novos parâmetros de classificação de espécies alóctones, exóticas e híbridos que têm o cultivo permitido em rios e reservatórios do Estado, bem como os locais autorizados para o cultivo de cada espécie.

O Instituto de Pesca atualizará a lista a cada dois anos, com base em pesquisas que demonstrem o potencial de invasão de cada espécie, levando em consideração a sustentabilidade baseada de maneira integrada em aspectos ambientais, econômicos e sociais.

Para essa classificação, os pesquisadores do Instituto irão avaliar potencial zootécnico das espécies cultivadas, em suas respectivas bacias hidrográficas e os sistemas de produção adotados, bem como os resultados do Censo Estrutural e Monitoramento da Pesca e Aquicultura Continental e Marinha no Estado de São Paulo. Além disso, o Instituto deve observar a existência de outros estudos técnicos-científicos sobre a viabilidade de cultivo de espécies aquícolas.

O trabalho do corpo técnico do IP, que conta com o respaldo da Assessoria Técnica da Secretaria, tem possibilitado que as ações para melhoria de ambiente no setor da aquicultura ganhem agilidade.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a identificação das espécies estabelecida pela resolução é mais um importante passo para regulamentar a piscicultura e a aquicultura no Estado, uma demanda antiga do setor. “Com a formalização da atividade, será possível agregar maior valor a produção, incentivando o consumo da proteína animal no País e incrementando as exportações. A medida visa apoiar o pequeno produtor, como nos orienta o governador Geraldo Alckmin”, afirmou o titular da Pasta.

A portaria com a lista de espécies de peixes cultiváveis no Estado de São Paulo será publicada no Diário Oficial até o dia 2 de dezembro de 2016.


Piscicultura é aposta de sucesso de agricultores familiares em projeto da Codevasf na Bahia

Ao lado de pés de coco, milho e mandioca, tanques escavados abrigam tambaquis, pintado e surubim entre outras onze espécies de pescado


O projeto público de irrigação São Desidério/Barreiras Sul, implantado e gerido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) no Médio São Francisco baiano, está se tornando referência em diversificação da produção por agricultores familiares: já são 134 lotes ocupados com piscicultura, ou 121,9 hectares de um total de 1.718 hectares.

“O terreno do projeto, que tem boa quantidade de argila, é favorável à manutenção dos tanques, pois o consumo de água é baixo e com pequeno teor de infiltração. Terrenos com alto consumo de água são inviáveis para a piscicultura”, ensina Gentil Teixeira de Araújo, que também cultiva um mil pés de coco e é um dos pioneiros na aposta. A produção de peixes no São Desidério/Barreiras Sul já alcança 1.543 toneladas por ano, sendo que mais da metade da produção é das espécies tambacu e tambatinga, com 971.706 quilos por ano.

A reprodução do pirarucu vem crescendo entre os produtores - já são 52.441 quilos produzidos ao ano. “Ele precisa de um clima adequado, e que é semelhante ao da nossa região. O piracuru se desenvolve bem sob temperaturas altas, acima de 20 graus”, conta Araújo. Conhecido como “bacalhau da Amazônia”, o pescado é o maior de água doce no Brasil e um dos maiores do mundo; ele se destaca pelo sabor e qualidade da carne, quase sem espinhas, e por isso mesmo alcança ótimo valor no mercado.

De acordo com o produtor, 60% do pescado produzido no projeto de irrigação é comercializado dentro do Oeste baiano; o restante tem sido vendido para consumidores de outros estados, como Piauí, Tocantins, Maranhão, Goiás e Pará.

“O projeto de irrigação São Desidério/Barreiras Sul tem potencial para se transformar em um polo de produção piscícola pois apresenta os recursos naturais necessários, como clima, potencial hídrico e solo favorável ao desenvolvimento e reprodução de dezenas de espécies de peixes”, afirma Walkyria Feitosa, técnica da Codevasf no escritório de Barreiras, que é vinculado à 2ª Superintendência Regional da Companhia, sediada em Bom Jesus da Lapa. “A atividade está aumentando a renda dos agricultores e consequentemente melhorando sua qualidade de vida”, observa.

Entre as espécies cultivadas no projeto, destaca-se ainda em volume o tambaqui, com produção registrada de 416.445 quilos por ano; pintado e surubim (59.611 quilos anuais, juntos) e carpa (43.187 quilos por ano). Pirapitinga, carpa capim, carpa cabeça grande, pacu, carpa húngara, mantrixã, piau e curimatã são outras espécies encontradas no projeto.

A tilápia deverá ser uma nova aposta entre os piscicultores do São Desidério/Barreiras Sul: por ser carne saudável, com pouca gordura e nenhuma espinha, o pescado tem boa aceitação entre as crianças e vem entrando cada vez mais no cardápio da merenda escolar.



Mapa vai fazer recadastramento nacional de pescadores, diz Maggi

Com a medida, o Ministério da Agricultura quer resolver uma das principais preocupações da cadeia produtiva no momento: a emissão de licença de pescador e de pesca para embarcações

Ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O governo federal fará um recadastramento nacional dos pescadores, disse o ministro Blairo Maggi (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), na última sexta-feira (25/11), ao participar de reunião sobre a situação do setor pesqueiro na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc). “Vamos manter no Registro Geral da Atividade Pesqueira quem realmente for pescador. Quem não for, será excluído.” Com a medida, o Ministério da Agricultura quer resolver uma das principais preocupações da cadeia produtiva no momento: a emissão de licença de pescador e de pesca para embarcações.

Durante o encontro, o ministro destacou a importância da atividade pesqueira para o agronegócio brasileiro. Segundo ele, o setor precisa de investimentos para se modernizar, o que vai torná-lo ainda mais competitivo. “A pesca é um dos setores que podem ajudar o Brasil a atingir a meta de ocupar pelo menos 10% do mercado mundial agropecuário nos próximos cinco anos. Por isso, estou aqui, ouvindo trabalhadores e empresários, para conhecer os problemas da cadeia produtiva, a fim de que o Mapa busque resolvê-los, facilitando a vida dos pescadores e da indústria da pesca.”

Maggi lembrou ainda que o Mapa lançou, em agosto deste ano, o Agro+, plano voltado à desburocratização e à simplificação das normas e de procedimentos internos. "A burocracia incomoda a quem produz, atrapalha muito. Precisamos saber quais são os problemas, onde estão e ver quais são as prioridades.” O Agro+, acrescentou, contribui para destravar as ações do ministério e agilizar as operações do setor produtivo.

O ministro assinalou também que a pesca tem muitas ações que envolvem os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. “A definição das espécies que podem ser pescadas e os períodos em que podem ser capturadas são questões que não dependem do Ministério da Agricultura. Mas a gente deve facilitar e criar as condições para que os pescadores possam trabalhar.”

A reunião com o setor pesqueiro catarinense foi proposta pelo deputado federal Esperidião Amin. Participaram do encontro representantes do governo do estado, do Fórum Parlamentar, parlamentares e diretores da Federação das Indústrias do Estado de SC, da Federação dos Pescadores, do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e da região e, ainda, do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Pesca de Santa Catarina.

Movimento de Pescadores

No dia 24/11, uma comissão do Ministério da Agricultura recebeu representantes do Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP). Uma das principais reclamações foi sobre o funcionamento do Registro Geral da Atividade Pesqueira. Também pediram o fortalecimento das coordenações de Pesca do Mapa nos estados.

A comissão do Mapa informou que os problemas do registro dos pescadores e emissão de carteiras devem ser solucionados nos primeiros meses do ano que vem e prometeu entregar a pauta de reivindicações ao ministro Maggi. Como as reivindicações dependem de diferentes órgãos do governo, a equipe do Ministério da Agricultura propôs realizar uma reunião conjunta que envolva Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Marinha, Casa Civil, INSS.


IV Encontro dos Projetos de Pesca e Aquicultura apoiados pela Codevasf no Norte do Piauí


O IV Encontro dos Projetos de Pesca e Aquicultura apoiados pela Codevasf no Norte do Piauí, será realizado no dia 06 de dezembro de 2016, no auditório da UFPI em Parnaíba-Piauí.